quarta-feira, 30 de março de 2011

[0052] Novo colaborador, Valdemar Pereira, oferece apontamentos da "sua" Praia de Bote

Valdemar Pereira
"Mnine de Soncente", antigo funcionário da Western Telegraph Company, emigrante do Senegal, pai do teatro cabo-verdiano, funcionário da diplomacia portuguesa em África e na Europa, poço infindável de histórias e sobretudo grande cabo-verdiano, o nosso  bom e estimado amigo Valdemar Pereira dá-nos o prazer da sua presença no PRAIA DE BOTE. Esperemos que para continuar...

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A Praia de Bote sempre me fascinou com suas estórias e suas riolinhas. Passava ali devagarinho, para poder desfrutar do que contavam, imaginando os factos, no espaço e no tempo, como se fosse eu o protagonista porque assim tinha mais piada.

Na Praia de Bote havia a casa da Chica de Cucuta, pretinha, gordinha "costa na tchom dnher na mom". Se ela não era bonita, a Chica era no entanto simpática, sempre vestida de branco e, muitas vezes, com uma beata atrás da orelha. Não, dela não vou contar nenhum facto. Imaginem! Pronto!

Dali, dessa praia, partiam os intrépidos pescadores que tanto admiramos.
Cheguei a ver uns que, antes, iam ao botequim do Bans "matar o jejum" com um bom copo de groque para depois entrar no barquinho de vela latina, verdadeira casquinha de noz, para a pesca em solitário no Canal.
Também assisti à chegada deles, por volta das seis da manhã, com um atum. Não sei se era o suficiente para o dia ou se só vinha uma unidade porque não havia frigorífico para conservar mais. Dava-me a impressão que iam buscar o pescado numa armadilha. Eles vangloriavam-se de conhecer a "linha do peixe".

Outras figuras desse lugar eram os que o faziam contrabando. Vinham de onde vinham, arrastavam o bote com a mercadoria dentro e esperavam o momento para passar. Era como que um desafio às autoridades marítimas que, estou certo, muitas vezes fechavam os olhos. Contam que um deles, muito conhecido pelas suas saídas (e também entradas !!!) repetia vezes sem conta o Grande Foco do Racionalismo Cristão e, no fim, dizia "Deus é Bom Pai". Mas tremendo de medo e querendo aliar todas as forças ocultas, arrematava de seguida "diabo também não é mau".

Penso que cada dia que passa o fascínio da Praia de Bote é um bocadinho maior em nós.

Praia de Bote, foto Joaquim Saial (clique na imagem)

domingo, 27 de março de 2011

[0051] Mindelense, campeão regional de S. Vicente (texto in "A Semana")

Mindelense é campeão regional de São Vicente, ao vencer Amarante por 3 a 1 e dedica título ao falecido treinador Tchida.

A equipa do Mindelense festejou este sábado o título de campeão regional de futebol da ilha de São Vicente, ao vencer o Amarante por três bolas a uma, em jogo da 12.ª jornada realizado no Estádio Adérito Sena. A equipa da Rua de Praia dedicou o título ao seu treinador extinto, Tchida.

O destaque da partida foi o avançado Fufura, que apontou os três golos que dois anos depois voltaram a dar o título ao Mindelense. Nené marcou para o Amarante. Agora o objectivo dos homens da Rua de Praia treinados por Almara passa por fazer boa figura no campeonato nacional, que arranca no mês de Maio.

Nesta jornada, a antepenúltima do Campeonato Regional de São Vicente, estão ainda por realizar os seguintes jogos, apenas para cumprir calendário: Ponta de Pom x Falcões do Norte, Salamansa x Batuque e Derby x Académica.

Ao clube vizinho e amado, o "Bote" dá um latido de alegria e o dono um "braça" do tamanho da Capitania... ou da Rua de Praia.

sexta-feira, 25 de março de 2011

[0050] Filinto Joia Martins, uma personagem do Mindelo

Filinto Joia Martins, foto da colecção Jorge "Djô" Martins

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O envelope que aqui vemos já foi por mim publicado noutro local, embora de menores possibilidades estéticas e técnicas que o PRAIA DE BOTE. Mas  como merecia uma melhor sorte e acompanhamento, por isso foi ele o escolhido para ser o 50.º post deste blogue. 

Diga-se, para começar, que não conheci o senhor do remetente. Ou se o conheci, já dele não me recordo. Trata-se de Filinto Joia Martins,  ao que parece homem de vários interesses, entre os quais a fotografia. Deixemos no entanto ao nosso amigo e guru da genealogia de Cabo Verde, João Manuel Nobre de Oliveira, alguns dados sobre a biografia de Filinto Martins:

"Nasceu a 27 de Janeiro de 1925, no Mindelo, S. Vicente, e ali faleceu a 13 de Outubro de 1989 na sua ilha natal. Foi membro da Assembleia Legislativa de Cabo Verde (no tempo colonial) e representante consular da Holanda (o governo da República de Cabo Verde, aos 18 de Março de 1980, concedeu-lhe o Exequatur como cônsul honorário dos Países Baixos nas ilhas do Barlavento)."

Catálogos Bellas Hess (clique na imagem)
Foi também comerciante, sócio gerente da Sociedade Luso-Africana e presidente da Associação Comercial de Barlavento.

Aparentando ser de 1952 (a leitura da data é difícil), o envelope é dirigido  à National Bellas Hess, em Kansas City, Missouri, EUA, empresa de vendas por catálogo. Coisa pessoal? Isto é, tratar-se-ia de pedido de compra de algum produto para si próprio? Ou teria a carta como destino  concretizar encomendas de clientes da Sociedade Luso-Africana?

Seja como for, ela demonstra, mais uma vez, o  forte cosmopolitismo de S. Vicente, onde de há muito havia quase tudo, na área comercial (com privilegiada entrada através do Porto Grande), que podia satisfazer os apetites dos seus habitantes mais endinheirados.

Sede da empresa Bellas Hess, in jornal Examiner de Kansas City

segunda-feira, 21 de março de 2011

[0049] Alemão proveniente de Cabo Verde, aprisionado no mar da Madeira durante a II Guerra Mundial, suspeito de espionagem...

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Chamava-se Reinhard Georg Paul, o sujeito. Viajava ele havia dois dias, num barco português, partido de S. Vicente, quando este foi abordado por um outro, de nacionalidade francesa, o homem aprisionado e supostamente enviado para um campo de concentração.

Perguntas: como sabiam os frenchies que ele ali ia? Quem forneceu, a partir do Mindelo, a notícia? Foi obra do acaso ou alguém do consulado inglês (haveria também consulado francês?) deu com a língua nos dentes? Seria o Reinhard mesmo espião? Vindo da Libéria para S. Vicente e levado do mar da Madeira para um campo de concentração, que segredos esconderia?

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Está ainda por fazer a história da espionagem a que um porto como o Grande - por onde muito trânsito de passageiros se desenvolvia -, deu decerto vida durante a II Guerra Mundial. Que terá depois acontecido ao boche? Afinal, só ainda estávamos em Fevereiro de 1940. A guerra estava apenas no início. A  cidade de Paris seria ocupada em breve, a 14 de Junho...

A notícia por nós hoje desenterrada é do vespertino português "Diário de Lisboa", de 8 de Fevereiro de 1940. E aqui fica, para deleite dos nossos leitores, como muitas outras das centenas que temos e que por aqui aparecerão a seu tempo.

domingo, 20 de março de 2011

[0048] Eden-Park, a saudade que fica e alguns documentos para a posteridade

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A história de hoje é longa e curta ao mesmo tempo.

É culturalmente longa, porque o Eden-Park foi de facto um demorado segundo pai de cultura e sabedoria mas também de divertimento para muitas gerações de cabo-verdianos (incluindo aqueles que não o souberam preservar e que ficarão com esse anátema colado à pele para todo o sempre, já que a História não perdoa). A riquíssima influência do Eden-Park está muito bem contada no documento que aqui se divulga. Sabe-se lá quantas sentidas lágrimas foram vertidas pela sua autora durante a escrita do mesmo e portanto... também é curta porque tanto eu como diversos outros (entre os quais obviamente se conta a última guia dos destinos daquela casa) fizeram o que puderam para que o crime não se consumasse. Infelizmente, não conseguimos alterar as espirais do destino. Perdemos. Os sanvicentinos perderam. Todos os cabo-verdianos perderam... Ita missa est. Ponto final.

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Mas há sempre algo que fica. Eu detenho alguns sinais; outros terão outros. Divulguemo-los, para que a memória se consolide e as novas e futuras gerações possam estigmatizar os criminosos culturais que tal malvadez fizeram. Que sinais tenho eu, então?
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Comecemos por Julho de 1999. Três bilhetes. Todos de matinés de "filmes de porrada" em que em cada um não havia mais que três ou quatro espectadores (um deles, aqui o PRAIA DE BOTE). Três espectáculos, mais ou menos doze bilhetes vendidos. Digamos assim, para que a culpa não fique totalmente solteira - que não está, de facto - que das lágrimas pingadas pelo Eden-Park muitas foram de crocodilo. É que sem espectadores não há cinema que resista...

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O convite para o espectáculo do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra foi-me oferecido pela Dr.ª Ana Cordeiro, estimada e diligente directora do Centro Cultural Português, pólo do Mindelo. Apetecido espectáculo para ela, sobretudo, dado que o pai estava entre os orfeonistas presentes. E uma outra figura, das maiores da música de Cabo Verde, o convidado Ildo Lobo, que terá pisado talvez pela última vez palcos do Mindelo. Foi delicioso vê-lo cantar com aqueles veteranos de Coimbra, salvo erro "Tchapéu di Padja". Eram os tempos da vigência de Onésimo Silveira à frente da Câmara Municipal de S. Vicente. Caso curioso, no final do espectáculo, como é tradição da "Briosa", os orfeonistas chamaram ao palco os antigos estudantes de Combra presentes na sala. Um dos que subiram foi a actual presidente, Isaura "Zau" Gomes... Acompanhou-me nessa noite, a D. Zinha Lima, grande amiga e professora competentíssima de múltiplas gerações de santantonenses e sanvicentinos.

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Passemos a 2002. Um só bilhete, que a minha passagem pela ilha foi curta, de apenas quatro dias, para lançamento de livro - coisa repetida noutros quatro de Praia. Na altura tinham ido comigo a esposa e a filha do Germano Almeida, a Íris. Os 300 paus foram aplicados num dos filmes da saga "Senhor dos Anéis" (repare-se que o preço dos bilhetes não aumentara de 1999 para 2002). Tratava-se também de uma matiné e o Eden-Park estava à cunha. Foi em 31 de Março de 2002, a minha última passagem pelo saudoso cinema do qual assim me despedi em apoteose, vendo-o cheio como nos velhos tempos. Só faltou a mancarrinha que não vi nenhuma mulher a vendê-la nem à entrada nem à saída.

Aqui ficam portanto algumas memórias com que o PRAIA DE BOTE saúda o mais famoso cinema de Cabo Verde, a família que o sustentou tantos anos e as geraçõs que do local tiraram proveito, muito bom proveito...

NOTA FINAL: O documento produzido pela Sr.ª D. Maria Luísa Marques da Silva chegou-me através do sempre amigo Valdemar Pereira que o recebeu do Djibla ao qual por sua vez foi entregue pela autora com a condição de este só o divulgar quando todo o processo Eden-Park estivesse concluído, o que só recentemente aconteceu. Ao Val agradecemos a partilha e lamentamos tanto quanto ele a desgraça: meu velho, Eden-Park já ca tem teatre...

sábado, 19 de março de 2011

[0047] Um rádio Telefunken, uma licença que custou 25$00, memórias dos sons no éter

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No dia 15.Março.1963, o Chefe dos Serviços dos Correios, Telégrafos e Telefones de Cabo Verde, organismo com sede na Praia, passava a um residente em S. Vicente a licença para exploração de um posto radioeléctrico. Contudo, conforme se diz no documento, esse posto - afinal simples receptor de rádio da marca Telefunken - "somente [podia] receber emissões públicas de rádiodifusão". Sublinhe-se o "emissões públicas" que subentendia nas entrelinhas um "nem pensar em clandestinas"...

O proprietário do aparelho comprara-o a prestações, por volta de 1956, numa loja de mobílias na Cova da Piedade, Almada (que também transaccionava aparelhos de rádio). Terá sido este o único objecto por ele adquirido durante toda a sua vida por tal processo já que tudo o resto, sem outra excepção, o foi a pronto. Grande companheiro da família, foi através dele que aqui o PRAIA DE BOTE recebeu no espírito os primeiros, saudáveis e utilíssimos cromossomas da música cabo-verdiana. Todo o dia aquela máquina debitava na Capitania dos Portos, na sala que ainda hoje apresenta a segunda janela após o Plurim d'Pexe, para além das notícias e outros programas, mornas e coladeras sem fim. Grande Rádio Barlavento, grande Rádio Clube do Mindelo... palavras para quê? Recorde-se, a propósito, numa delas (RCM?),  a voz inesquecível de Hermenegildo Cardoso, cabo escriturário mondrongue da Capitania e radialista amador.

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 Resta dizer que o dono do radiozinho podia perfeitamente ter tido o aparelho clandestino durante os três anos que viveu na Rua de Praia. Ninguém o molestaria, dado o sítio em que o mesmo se encontrava instalado, repartição pública respeitada e com a qual nenhum chefe dos correios, por mais zeloso que fosse, interferiria para vasculhar... ou multar. Mas acontece que o sargento de que ali se fala era rigorosos cumpridor da lei e jamais lhe passou pela cabeça ter em casa um rádio clandestino. Por isso, pagou pela licença os gordos 25 paus que no papel se referem...

Veja-se ainda, a propósito da rádio sanvicentina, o texto no nosso amigo jornalista Carlos Lima (também ele ligado à Capitania dos Portos através do pai, o saudoso polícia-marítimo Orlando "Lola" Lima). E o carinho que atribui à acção de diversos nomes da rádio da terra, entre os quais os de Aníbal Lopes da Silva ou o do nosso colega bloguista Zito Azevedo.

NOTA FINAL: o aparelho ainda existe e, mais que isso, ainda funciona, embora com um ruído aqui, outro ali.

quinta-feira, 17 de março de 2011

[0046] O Dr. Regala, a Praceta (ou Praça) do Regala, a Casa do Leão e um casal na Praceta do Regala

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O Dr. Francisco Augusto Regala (natural de Aveiro e falecido em 1937), médico ilustre e extremoso amigo de S. Vicente e do seu povo, não requer grandes apresentações. O interessante e esclarecedor texto de Francisco Lopes da Silva poderá no entanto avivar algumas memórias e dar a conhecer aos distraídos (ou mais novos) a vida e obra desse português  que amou a terra e gentes cabo-verdianas como poucos. Um outro texto da autoria do PRAIA DE BOTE também poderá ser caminho para o mesmo efeito.

Não se trata portanto de refazer a sua biografia mas tão só de relembrar a famosa Praceta onde repousa o busto de bronze erigido por subscrição pública lançada por comissão presidida por um ainda jovem Baltasar Lopes (da autoria de R. de Castro e datado de 1941, como o PRAIA DE BOTE teve ocasião de registar in loco, há cerca de uma década, e fotografado em imagens infelizmente desaparecidas).

No confluência da estrada que dá para o hospital, o sítio era ameno e frondoso, servido por banquinhos que convidavam ao sossego e à meditação. Hoje descaracterizado, ficou a sua traça inicial viva em algumas fotografias que aqui deixamos como homenagem ao homem que tantas vidas mindelenses salvou.

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Comecemos por um excelente postal editado pela Casa do Leão, cuja impressão foi feita em Francforte,  Alemanha, na casa Fritz Brieke Söhne (Filhos de Fritz Brieke ou coisa parecida), especializada em postais ilustrados. A foto do verso, sendo a n.º 23, indica que a Casa do Leão pelos menos editou mais de duas dezenas de vistas do Mindelo nesta altura (conhecemos os versos 3, 10 e 23, embora não saibamos a quais imagens correspondem; temos algumas do mesmo conjunto, do Porto Grande e da Praça Nova, que a seu tempo divulgaremos).

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A fotografia é de grande qualidade, em termos de enquadramento e nitidez, e regista para sempre o restaurante Mindelo, para além da entrada da actual Rua Guerra Mendes. O busto do facultativo, sobre coluna torsa bem lançada, presidia à praça, de pavimento quadriculado e quatro bancos de pedra ou cimento, parentes dos que durante décadas também serviram a Praça Estrela.

Narciso João Neves da Silva e esposa
A foto seguinte, eventualmente de um tempo próximo da que já vimos, está datada de 29.Março.1963 e mostra um casal especial para o PRAIA DE BOTE, cujo elemento masculino foi um dos patrões-mores mais estimados do Porto Grande, como ainda hoje muitos dos seus antigos subordinados (em boa parte felizmente vivos) podem testemunhar.

Assim se juntam então aqui dois militares, um coronel do Exército e um sargento da Armada, de épocas distintas, que embora sendo na origem elementos da administração colonial souberam sentir a terra mindelense como poucos e nela deixaram saudades. Um mais que outro, obviamente, ressalvando as devidas proporções dos cargos e das contingências da vida que a Regala deram a mais que merecida imortalidade.

terça-feira, 15 de março de 2011

[0045] No Cemitério do Mindelo, um sinal de Baltasar Lopes...

Campa de um grande homem, humilde na morte, onde não foi esquecida a cultura clássica Foto Joaquim Saial (clique na imagem)

domingo, 13 de março de 2011

[0044] Primeiro latido de "Bote" (ver post anterior)

Este é o meu primeiro latido. Sou o "Bote", como sabem, o famoso cão de quatro patas: (Auuu!!!!)

Porque é que ao fim de uma data de dias (Auuu!!!), sim, uma data de dias, a petição online "Manifesto para um S. Vicente melhor", criada por gente séria e que ama a sua terra ainda só tem 224 assinaturas? (nesta altura, alguns dias após o meu latido, o número subiu para  229 Auuu!!! Ainda vale a pena latir Auuuuuu!!!) S. Vicente não merece mesmo uma assinaturazinha sua, uma só, amigo cabo-verdiano ou mondrongue ou marciano que me está a ouvir latir? (Auuu!!!) Vá, faça um pequeno esforço, ponha o  nome na petição e prometo que quando vier a S. Vicente não lhe mordo as canelas (Auuu!!!).

[0043] Aparecido na Praia de Bote, ficou "Bote"

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Este blogue soube hoje, pelas nove horas TMG, via Western Telegraph Company (telegrama enviado por Valdemar Pereira), que o animal que no Porto Grande dois pescadores viram atirar-se ao mar a partir de um vapor da United States Lines é afinal um cachorro de quatro patas (ca bsot cunfundi c'catchor de dôs pé) e que o mesmo foi encontrado de madrugada a dormir debaixo do bote de pesca "Mindelo", propriedade de Junzim Gomi.

Como tal, o bicho foi por nós adoptado, passou a chamar-se "Bote" e, declaradamente, tornou-se... nossa mascote.

"Bote" aparecerá sempre que lhe apetecer ladrar ou apenas trincar um osso. Pedimos aos nossos leitores para não lhe darem nem carne de atum (tal coisa é para ele um pouco contra-natura) nem corned beef. Convém manter a linha...

sábado, 12 de março de 2011

[0042] Cabeçalho de "Praia de Bote" utilizado em texto de Zizim Figuera

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Ao grande escriba/cronista da ilha de São Vicente agradecemos a simpatia da utilização da nossa imagem de marca no Liberal (propaganda de borla é sempre bem-vinda) onde fomos colegas e voltaremos a ser, logo que deste lado tenhamos tempo suficiente para regressar a essas lides. É sempre um prazer sabermos que o que fazemos tem utilidade para outros. Aquele abraço ao Zizim e longa vida para longa escrita.

sexta-feira, 11 de março de 2011

[0041] Carnaval de 1962 em New Orleans. Quase, quase, o Mindelo, quase, quase, a Praia de Bote...

E enquanto não desaguam no "Praia de Bote" fotos do Carnaval do Mindelo de 2011, vejamos este fabuloso Carnaval de New Orleans de 1962, ano da nossa chegada às areias da Praia de Bote... A fita retrata a terça-feira gorda ou "mardi gras", como por lá se diz à francesa. Festa rija, apetitoso espectáculo, belo filme. Sabe-se lá se passou no Eden Park ou no Park Miramar como actualidade estrangeira...

quinta-feira, 10 de março de 2011

[0040] Navios do Porto Grande. Ou que por ele passaram deixando rasto... (003) N/M BRAJARA

Imagem eBay (clique na imagem)
A história é curta e simples, mas nem por isso deixamos de aqui a trazer. Trata-se do "Brajara" que encontrámos em fotografia digital, fundeado no Porto Grande, com a "Washington Face behind", como alguém a legendou. 

Sim, atrás dele lá está o nosso Monte Cara, por essa altura ainda com o designativo do primeiro presidente americano, o Washington que também era George. A data é a de 30 de Setembro(?) de 1948. O "Brajara" tinha escapado à guerra e passou por S. Vicente, sabe-se lá porquê. Para reabastecimento,/abastecimento de combustível, para descarga de algumas mercadorias, talvez de passageiros, eventualmente devido a avaria...  

O "Brajara" in http://www.warsailors.com/freefleet/shipics.html
O navio era norueguês, de Oslo, armado por Ludvig. G. Braathen, como se indica em "Pictures of Ships",  Noruegian WW Ships. Este Braathen fundara em 1946 a  Braathens South American & Far East Airtransport A/S, ideia que lhe ocorreu antes, em 1936, numa altura em que o "Brajara" esteve com avaria nas máquinas. 

Encontrámos a data de 1953 como a de feitura do barco, o que parece pouco consentâneo com a legenda da foto. Terá durado até 1967... Parece-nos mais fidedigna a nota que indica que foi construído nos estaleiros Götaverken A/B, Gothenburg na Suécia, em 1934.

Seja como for, o navio ficou ligado para a posteridade ao Monte Cara. E não ficou mal, na foto... Para além de que, neste distante dia de 1948, muita gente decerto o viu a partir da Praia de Bote. Salvé, portanto, Monte Cara, salvé "Brajara"!!!



terça-feira, 8 de março de 2011

[0039] Carnaval no Mindelo (4)


Preparação para o Carnaval deste ano, na Rua de Lisboa, (26.Fevereiro.2011). O povo do Mindelo e as casas e lojas características da artéria mais famosa da cidade, num pequeno filme assinado por Kdaviburns, in YouTube.

sexta-feira, 4 de março de 2011

[0038] Carnaval no Mindelo (3)

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E, como não há duas sem três, aqui ficam para a posteridade a "Marcha Conselheiro" e o "Samba Batucada" de Adriano Delgado e a "Marcha" de Frank Cavaquinho ("Cavaquim") do Grupo Recreativo "Flor Azul", neste folheto raríssimo, religiosamente guardado há quase meio século no nosso arquivo.

São do mesmo ano da foto do post anterior (1964)? Não o sabemos, mas é quase certo que sim.

[0037] Carnaval no Mindelo (2)

Foto NJNS, 11.Fevereiro.1964 (clique na imagem)
Bloco Flor Azul, se bem nos lembramos, o vencedor do desfile deste ano de 1964. Se assim não for, haja quem nos elucide. A menina no topo do mundo era irmã do nosso grande amigo Alexandre "Bintim" Lima Oilveira. Contou-nos ele, há poucos anos, ao ver esta imagem. Os elementos preponderantes do bloco iam de mosqueteiros, vestidos em cetim branco e azul-claro. Uma verdadeira maravilha. Estamos na Praça Nova e a casa em fundo já todos os leitores do "Praia de Bote" de origem cabo-verdiana ou aderentes a reconheceram como sendo a do inesquecível Dr. Aníbal Lopes da Silva.

[0036] Carnaval no Mindelo (1)

Carnaval, S. Vicente, Mindelo, Porto Grande, Praia de Bote...
Só um hino é possível nestes próximos dias, o mais melodioso de todos os tempos... "sem igual", como diz a Cize.
Aquel braça pa tude munde e tchéu d'farinha na cara!


"Carnaval de São Vicente", publicado no CD de Cesária Évora "Café Atlântico" (1999), é uma composição de Pedro Rodrigues.

(clique na imagem)
J'a'm conchia São Vicente
Na sê ligria na sê sabura
Ma 'm ca pud fazê ideia
S'na carnaval era mas sab

São Vicente é um brasilin
Chei di ligria chei di cor
Ness três dia di loucura
Ca ten guerra ê carnaval
Ness morabeza sen igual

Nô ten un fistinha mas sossegod
Ca bô exitá bô podê entrá
Coque e bafa ca ta faltá
Hôje é dia di carnaval

São Vicente é um brasilin
Chei di ligria chei di cor
Ness três dia di loucura
Ca ten guerra ê carnaval
Ness morabeza sen igual (x 6)

quinta-feira, 3 de março de 2011

[0035] Recuemos quase um século, a 1913. Nessa altura já se fazia bom pão (quase de certeza) no Mindelo

In "O Futuro de Cabo Verde", 1.Maio.1913 (clique na imagem)


...e numa padaria portuguesa, na Rua de S. João, coração do Mindelo, aqui bem pertinho da Praia de Bote. Quem seria o José Rodrigues Duque? Um mondrongue, quase de certeza, se considerarmos o nome do estaminé panificador. E fazia "pom d'midje", o artista, para além de bolacha doce. Depois é que vieram as bolachas do Matos, as mais duras do Mundo, mas também as mais saborosas. Inesquecíveis.

quarta-feira, 2 de março de 2011

[0034] Padaria Marçal, o bom sabor do pão.

(clique na imagem)
Pão mesmo mesmo fresco/quentinho, é na Padaria Marçal. Olá se é!!! Enfim, rendamo-nos às evidências... Era!!!