sábado, 22 de dezembro de 2012

[0290] Ruy Cinatti - Poema "Memórias de um furriel miliciano expedicionário "

Em final de ano, um poema sobre o tema mais em evidência neste 2012 no PRAIA DE BOTE. De Ruy Cinatti (sob pseudónimo de Júlio César Delgado), poeta, antropólogo e agrónomo português (Londres, 8 de Março de 1915 - Lisboa, 12 de Outubro de 1986).


Memórias de um furriel miliciano expedicionário

Mar afogado nas trevas
Um navio…
Outros partindo.
No cais, um sabor a óleo.

Volto, cabisbaixo,
Triste,
De não ser eu.

Na praceta iluminada encontrei uns camaradas.

Não podia ser ninguém.
Um navio…
Outro chegando,
Sem trazer notícias tuas,
Mãe…

Havia amigos
Dávamos grandes passeios.

O correio é demorado
Para mim,
Em S. Vicente,
Cabo Verde.

in Crónica Cabo-verdiana, 1967

5 comentários:

  1. Quando estava a elaborar o meu livro sobre a imprensa cabo-verdiana cheguei a pensar que fosse um cabo-verdiano ou alguém ligado a Cabo Verde que tivesse passado despercebido. Santa ignorância! Foi então que descobri que era o Ruy Cinatti e que este era mais ligado a Timor. Foi com a ajuda de um livro de Peter Stilwell, A Dimensão Humana em Ruy Cinatti. Coisas improváveis. Não é que este autor desde Março de 2012 está em Macau como reitor da Universidade de S. José? E devo ser o único residente em Macau que o cita num livro, pois citei-o na Imprensa Cabo-verdiana precisamente por causa do Rui Cinatti.

    Acabei por não falar do poema, mas todos que vivem fora das suas terras, devem sentir-se tocados por ele, principalmente neste época.
    Feliz Natal e Bom Ano Novo.

    João Nobre de Oliveira

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  2. São as coincidências de quem como nós anda nestas andanças da escrita.
    Um grande abraço natalício também para ti e todos os teus familiares.

    Djack

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  3. O Rui Cinatti foi furriel expedicinário em Cabo Verde ou o poema alude a uma figura imaginária? Et pour cause...gostaria de saber. O Joaquim sabe alguma coisa disso?

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  4. Figura imaginária. Que eu saiba (ou se bem entendi) Cinatti visitou Cabo Verde a convite do Ministério do Ultramar em meados de sessenta e daí a Crónica Cabo-Verdiana com o pseudónimo Júlio César Delgado. O seu "grande amor" foi mesmo Timor.

    João Nobre de Oliveira

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  5. Excerto de texto de Cláudia Castelo...

    Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes nasceu em Londres em 1915 e morreu em Lisboa em 1986. É
    sobretudo conhecido como poeta. Formou‐se em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior de
    Agronomia (ISA), de Lisboa (1943, tirocínio; 1950, apresentação do relatório final do curso), onde
    frequentou com aproveitamento todas as cadeiras do curso de Engenheiro Silvicultor, à exceção de
    hidráulica florestal.
    No final do primeiro ano do curso participou no 1.º Cruzeiro de Férias às Colónias, iniciativa de O
    Mundo Português: Revista de Cultura e Propaganda, de Arte e Literatura Coloniais (editada pela
    Agência Geral das Colónias e pelo Secretariado de Propaganda Nacional), destinada a estudantes e
    professores da metrópole. Nos meses de agosto e setembro, visitou Cabo Verde, Guiné, São Tomé e
    Príncipe e Angola. Na viagem tornou‐se amigo do diretor cultural do cruzeiro e de um dos seus
    adjuntos, respetivamente: Marcelo Caetano (Professor de Direito da Universidade de Lisboa e, à
    época, comissário nacional da Mocidade Portuguesa)

    Pode ser lido integralmente em
    http://www.historyanthropologytimor.org/wp-content/uploads/2012/01/16-CASTELO_C.pdf

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