terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

[0364] Ainda os fósforos suecos de Cabo Verde (ver post anterior)

Acerca destes fósforos e suas particularidades, vejamos um excerto do livro "História das Invenções" do brasileiro Monteiro Lobato (autor de vasta bibliografia para crianças, entre a qual se conta o livro "O Picapau Amarelo").

— E como nasceu o fósforo?
— No começo era fósforo mesmo. Os homens observaram que essa matéria fosforescente, isto é, luminosa, chamada fósforo, tinha a propriedade de dar fogo quando batida com uma pedra, e esse fogo era comunicado a uma isca em que entrava o enxofre. Um meio complicado e de mau cheiro. Mais tarde, em 1827, um inglês de nome John Walker inventou o fósforo de esfregar. Em vez de bater, bastava esfregar um pedaço de fósforo num esfregador preparado para esse fim. Vinte anos mais tarde o sueco Lundstrom, natural da cidade de Jonkoping, inventou o fósforo que usamos hoje, pequenino e cômodo, sem mau cheiro e não venenoso como o fósforo feito de fósforo.
— Então o fósforo de hoje não é feito de fósforo?
— Não, e por isso não é fosforescente. Contém vários corpos químicos misturados de modo que pela fricção na lixa da caixinha produzam fogo, sem envenenar os pulmões de quem os acende. O curioso é que quando os cômodos fósforos de Jonkoping apareceram a resistência do público foi grande. O homem acostuma-se ao que tem e refuga as novidades que apresentam progresso. Tolice, porque as novidades acabam sempre vitoriosas — e ai do mundo se não fosse assim!. . .
Hoje temos por aqui muitas fábricas de fósforos, marca Olho, marca Pinheiro, etc. Tempos houve, porém, em que só usávamos o fósforo vindo da Suécia, por sinal que excelente. Lembro-me perfeitamente deles. Um letreiro amarelo em língua sueca e a palavra Jonkoping em baixo. O povo dizia que eram fósforos do João dos Copinhos. . .


O motivo pelo qual estes fósforos suecos prevaleciam em Cabo Verde e não os da Fosforeira Nacional (ver AQUI) não o conhecemos. Mas algum devia haver. Lembremo-nos que também não ia cerveja Sagres para as colónias, a fim de proteger o vinho da Metrópole. As Sagres que chegavam ao Ultramar eram apenas as que iam a bordo dos navios de guerra, ditas de exportação, com o gargalo curtinho.

E, já agora, uma divertida notícia fosforeiro-cabo-verdiana de 2005. Ver AQUI

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