domingo, 26 de julho de 2015

[1599] Uma das muitas tragédias de Santo Antão. Esta, de 1961...

A notícia é do "Diário de Lisboa" de 1 de Outubro de 1961, p. 2. E é mais uma das tragédias de chuva das ilhas que aqui fica como memória. Lá diz o velho ditado ilhéu: "Si ca tem tchuba, morrê di sede; si tchuba bem, morrê fogode”


5 comentários:

  1. Este artigo do ano de 1961 veio trazer-me o lado triste da minha estadia nessa fabulosa ilha que tanto adoro. Felizmente consegui consignar a parte boa que foi o suficiente para criar em mim a adoração pela ilha do meu parente Januàrio.
    Na altura em que là permaneci (Outubro 1940/Julho 1941) vi gente inerte à beira do caminho Pico da Cruz/Fajã da Janela, sem forças para continuar algo para mastigar. Alarmado, fui informar os meus parentes que, habituados a tal tristeza, depressa me acalmaram e me explicaram as razões de tal estado de coisas. Não posso garantir que me tenham convencido porque o que vi ficou em por muito tempo, pela vida fora.
    Acho bem trazer estas lembranças para que sejamos mais justos e menos egoistas e possamos fazer os possíveis para que isso não suceda nunca mais.

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  2. Esta foi sempre a sina das nossas ilhas. Contrariamente ao que relata a notícia, às vezes o céu se cobre de nuvens, mas mesmo assim não chove. Sempre que tenho ido a Cabo Verde, revejo esse estranho e incongruente quadro atmosférico. Céu carregado de nuvens, primícias benfazejas, mas a chuva... tá quieto. Talvez caiam mais além sobre o mar, como diz a notícia.
    Lembro-me de, em 1949, tinha eu 5 anos, ter assistido a chuvas com a intensidade devastadora que é descrita na notícia, como reverso da medalha. Isto é, não chove ou chove muito pouco, mas por vezes chove em excesso e num espaço de tempo curto, e com uma violência tal que leva tudo à frente.
    S. Antão precisa de um competente plano de regularização pluvial dos mais importantes leitos e linhas de água, por forma a reter-se o mais possível a água que cai, evitando que ela vá ter ao mar ou provoque estragos. Isto, sim, configura um investimento de alta prioridade e olhando para o futuro para a ilha, não a construção de aeroportos e universidades, infraestruturas deslocadas da realidade socioeconómica da ilha.

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  3. O comentário do Adriano fez-me lembrar o grande edil que foi Julim Oliveira o homem que não se serviu da Câmara Municipal do Mindelo para se guindar ou para se enriquecer mas para descarregar todo o seu potencial de ideias para melhorar S. Vicente, a sua ilha de adopção.
    Os marítimos que andavam entre as ilhas falavam das nuvens que passavam por cima da ilha para desabar em grande quantidade nos arredores. O Edil sabia disso como sabia de muita coisa e um muitas vezes disse que "o ideal seria provocar a chuva quimicamente, bombardeando as nuvens".
    Se houver oportunidade falaremos de mais algum dos seus projectos.
    Todavia, queremos que fique bem claro que não éramos colegas e que trabalhei sob suas ordens aproximadamente 8 anos na Western. Primeiro era ele Vereador e braço direito do Presidente Luís Terry; mas dos projectos falava quando tomou a chefia.
    V/

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    1. A ideia não era nada disparatada, pois isso faz-se há várias décadas. Mas ali faltavam os aviões e outro equipamento necessário (dinheiro, sobretudo). E a matéria prima nem faltava, o cloreto de sódio, o sal das cozinhas.

      Braça seca,
      Djack

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  4. Recordo - andava ainda de calções e samatá - de assistir, na Matiota, à maior carga de água de que me recordo (descontando as de Angola, claro)...Não chovia, nem em S.Vicente nem em Santo Antão: chuvia no canal para gáudio transitório do faroleiro do "Djeu"...Que desperdício!
    Braça inundado,
    Zito

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