sexta-feira, 30 de outubro de 2015

[1724] O ataque ao comboio marítimo SL-67 durante a segunda guerra mundial, nas águas de Cabo Verde

Ocorrência 5 - O ataque ao comboio marítimo SL-67

(ver quatro anteriores ocorrências, em posts já lançados do Praia de Bote; clique na etiqueta Ocorrência, mesmo no final deste post)

Início do relato do famoso ataque ao comboio SL-67, que teve lugar a 8 de Março de 41, a NNE das ilhas de Cabo Verde. Foram seis os navios atingidos, Tielbank, Harmorius, Narrana, Lahore, Himpool e Meekeerk. Para não se tornar fastidiosa, a crónica foi dividida pelo autor em seis partes. 

Praia de Bote gostaria que os leitores que aqui vêm comentem os trabalhos que vamos divulgando, isto é, dêem o seu contributo participativo, de molde a tornar estas crónicas ainda mais animadas. Ao mesmo tempo, agradecemos mais uma vez ao pequeno núcleo de amigos que, com espírito de militância, vai colocando as suas sempre interessantes opiniões nesta praia de São Vicente.

Luís Filpe Morazzo
Continuando a seguir a ordem cronológica dos factos que temos vindo a relatar, chegamos ao histórico dia, 8 de Março de 41. Este momento ficou particularmente sinalizado nos anais da segunda guerra mundial, como a data do maior ataque ocorrido a comboios de navios mercantes aliados em águas de Cabo Verde, durante todo o conflito.

Estou a reportar-me ao importante comboio SL-67, que zarpou de Freetown, em 1 de Março de 41, com destino Liverpool e era formado por 55 navios mercantes de várias nacionalidades aliadas, tais como, holandesa, norueguesa, francesa, grega e obviamente a inglesa, esta em muito maior número.

O Tielbank
Devido à sua extrema importância este comboio estava protegido por uma fortíssima escolta de oito navios do melhor que a Royal Navy podia dispor na altura, onde figuravam os poderosos cruzadores Malaya, Renown e Kenya, quatro contratorpedeiros e o famosíssimo porta-aviões Ark Royal, que iria sucumbir mais tarde, a 13 de Novembro de 41, vítima de uma salva de torpedos lançados pelo U-81, a cerca de 30 milhas de Gibraltar.

Foram seis os navios mercantes torpedeados (Tielbank, Narrana, Harmodius, Lahore, Hindpool e Meerkerk) por várias salvas de torpedos, lançados por uma “matilha de submarinos”, atraídos para aquela zona do Atlântico, pelos serviços secretos alemães, onde se destacaram o U-105, U-124 e U-106. Como resultado deste ataque, dos navios atingidos, cinco afundaram-se rapidamente, infelizmente com a perda de 50 homens das suas tripulações, tendo um sexto navio com grande dificuldade, conseguido retornar ao porto de partida (Freetown).

O primeiro navio a ser atacado foi o Tielbank, um belo cargueiro inglês com um deslocamento de 6000 toneladas brutas, construído em 1937, para o famoso armador Bank Line. Transportava um carregamento pleno de cerca de 7000 toneladas de amendoim, casca de amendoim e mais 997 toneladas de lingotes de manganês. Este navio foi uma das quatro primeiras vítimas de um ataque maciço executado pelo submarino U-124, da famosa classe (IX-B) que entre as 5h47 e as 6h08 do dia 8 de Março de 41, lançou várias salvas de seis torpedos na direção do comboio SL-67, que navegava na altura a NNE das ilhas de Cabo Verde. Quatro tripulantes morreram, tendo o comandante William Broome e os restantes 61 homens da equipagem, sido salvos pelo contratorpedeiro Forrester que os desembarcou sãos e salvos em Gibraltar a 16 de Março.

O comandante do U-124, Wilhelm Schulz, foi sem dúvida um dos grandes ases de Karl Doenitz, comandante da Kriegsmarine, depois de ter efetuado oito patrulhas de longo curso a comandar vários submarinos, após ter passado cerca de 270 dias em navegação, durante os quais afundou 19 navios com uma tonelagem total de cerca de 90 000 toneladas. Por toda esta folha brilhante de serviços prestados em combate, foi condecorado com várias das mais altas condecorações da marinha alemã, tais como, as cruzes de guerra de 1.ª e 2.ª classe e a cruz de ferro. Em Outubro de 43, foi promovido a comandante da 6.ª flotilha de submarinos, sedeada inicialmente em Danzig e mais tarde em St. Nazaire. O final da guerra foi encontrá-lo a comandar a mais importante flotilha de submarinos da marinha alemã, a 25.ª flotilha sedeada em Travemunde (Lubeck).

terça-feira, 27 de outubro de 2015

[1722] Eis o "Ernestina" antes de o ser: as espantosas aventuras da escuna "Effie M. Morrisey" (1947)

[1721] Nos 40 anos de Cabo Verde independente, em New Bedford

[1720] Ainda New Bedford, "terra" de cabo-verdianos. Os dias da pesca da baleia, no "Viola", em 1916

[1719] A apanha da vieira em New Bedford, 1963. Quantos cabo-verdianos estarão "dentro" deste filme?

[1718] Dois homens da Capitania dos Portos de São Vicente na diazá

Esta foto é parte de outra maior (16.10.1963), com outras pessoas em primeiro plano. Aqui, em segundo plano, portanto mais longe, estes dois "clandestinos": à esquerda, o patrão de lanchas Djudja, também carpinteiro que quase sempre fazia par com Pidrim Delgode, motorista; à direita, o Sr. Paiva, polícia marítimo. Lembro-me que este morava para os lados da Matiota. Dois bons homens, dois funcionários exemplares.

É quase certo que o Djudja deve estar a fazer qualquer obra que interessava ao Sr. Paiva, na sua mesa de trabalho (que tinha dois tornos), onde estava sempre a trabalhar quando não balançava na "Atlântida" ou na "Capitania" a caminho dos vapores, com o piloto Américo Medina ou o seu colega Pedro "Pitina" de Alcântara Évora. 

O local é o pátio da Capitania. O fotógrafo estava de costas para a baía, A porta (a da patronia-mor) é a última de várias, antes do portão que dava para a rua. A foto não é grande coisa, mas mesmo assim fica como saborosa memória.


sábado, 24 de outubro de 2015

[1714] Leia segunda-feira, 26 de Outubro, no "Liberal" (Cabo Verde), mais um texto de Joaquim Saial

Enredo teatral com um "deputado" por Cabo Verde pelo meio…

(...) O que de facto nos interessa aqui é ver neste entrecho que a visão de Cabo Verde existente na época da Rainha D. Maria II que da peça conseguimos extrair se baseia em lógica comercial de defesa do negócio do café e da urzela e num paternalismo etnocentrista que via os habitantes das ilhas como "pretinhos" ou "negrinhos". Digamos no entanto que a expressão "pretinhos" era mais utilizada para os habitantes da Guiné (um pretinho da Guiné) mas aqui ela veio a calhar ao anónimo autor. Augusto defendia os "constituintes da Brava", residentes na sua colónia favorita (não seria portanto de lá natural) mas aparentemente desconhecia o grande café do Fogo e ainda menos o de igual modo odorífero de Santo Antão… (excerto)

[1713] Na 18 dôs ote (data d'sumtére), Soncente era moda ess gravura li ta mostrá, tcheu picnim, embora ês ta dzê q'ess planta sta incomplete


[1712] São Vicente: cor tapa cimento...cinzento

[1711] Música tradicional une ainda mais Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor

Ver AQUI

[1710] Em São Vicente, até há... moléculas

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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

[1709] Um físico arguto...

Do Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro para 1855, quando médicos em Cabo Verde eram uma espécie de miragem...

Eis o que o Dr. Ribeiro, nomeado físico-mor de Cabo Verde pensava sobre a sua nomeação e sobre a situação na área da saúde nas ilhas.

Divertido texto sobre o médico principal do arquipélago que era... só um.


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

[1708] A história de mais um barco afundado nas águas de Cabo Verde durante a II Guerra

Ocorrência 4 - Velhos conhecidos

(ver três anteriores ocorrências, em posts já lançados do Praia de Bote; clique na etiqueta Ocorrência, mesmo no final deste post)

Luís Filipe Morazzo
Nesta quarta crónica vamos poder encontrar um protagonista já nosso conhecido de navegações anteriores. O famosíssimo Hans-Gerrit Von Stockhausen, comandante do não menos famoso U-65, submarino que proporcionou aos tripulantes do petroleiro British Zeal, a oportunidade de se tornarem heróis nacionais, devido á luta estoica travada pela sobrevivência, após o torpedeamento que foram vitimas ao largo da ilha do Maio, Cabo Verde, conforme descrição feita na crónica anterior.

Hoje iremos falar do cargueiro Nalgora, um dos muitos navios pertencentes a um dos maiores armadores de todos os tempos, a British India Steam Navigation Company Ltd, empresa que possuiu mais de 500 navios e geriu mais 150 em sociedade com outros armadores. No seu auge em 1922, a BI teve mais de 160 navios na sua frota, muitos deles construídos em Clyde, na Escócia. As principais rotas de transporte da frota foram: Grã-Bretanha para a Índia, Austrália, Quénia e Tanganyika. Mais tarde, a empresa passou os serviços da Índia para o Paquistão, Ceilão, Baía de Bengala, Singapura, Malásia, Java, Tailândia, Japão, Golfo Pérsico, África Oriental e África do Sul. A BI teve uma longa história de bons serviços prestados aos governos britânicos e indianos, através da utilização intensiva dos seus navios, não só, como transportes de tropas, mas também, com outros contratos militares em períodos históricos importantes.

O Nalgora
Quando a Alemanha invadiu a Polónia em 1939, para nos apercebermos da importância e da grandeza deste armador inglês, a marinha mercante portuguesa era composta por 61 unidades de médio e longo curso, enquanto a frota da BI era constituída por 105 navios oceânicos, com 675.000 tons dos quais 51 iriam ser destruídos. O Nalgora seria um deles, um belo cargueiro, com um comprimento de 132m, um deslocamento bruto de 6.579 toneladas, construído em 1922 em Sunderland, Inglaterra, podendo desenvolver uma velocidade máxima de 11 nós e com capacidade para 8 passageiros.

No dia 2 de Janeiro de 1941, pelas 22.07 horas, vamos encontrar o vapor Nalgora a navegar calmamente com ventos de feição e “mar de almirante”, bastante pesado no mar, devido a um pleno carregamento de equipamentos militares que transportava nos seus imensos porões, tendo como destino final Alexandria, no Egipto. Quando inesperadamente uma forte explosão abalou o navio, resultante do impacto de um torpedo lançado pelo U-65, a cerca de 350 milhas ao norte das ilhas de Cabo Verde.

Depois de ter sido forçado a parar a máquina, o comandante do Nalgora, Aubrey Devereux Davies, velho lobo-do-mar, com milhares de singraduras feitas pelos setes mares do globo no seu já vasto currículo, ao ter conhecimento que o navio estava perdido, foi obrigado com muita mágoa a fazer aquilo que nenhum comandante quer fazer, dar ordem à sua tripulação para abandonar o navio. Os 102 membros da equipagem e três passageiros foram todos resgatados sãos e salvos, após oito dias à deriva em diferentes botes salva-vidas. Os primeiros 52 sobreviventes foram recuperados pelo vapor inglês Nolisement e levados de seguida para Freetown, enquanto outros 34 náufragos foram resgatados pelo Umgeni também cargueiro inglês que os desembarcou em Glasgow no dia 13 de Janeiro. Finalmente, os restantes 19 membros da tripulação, a bordo de mais uma das baleeiras, conseguiram desembarcar sãos e salvos na costa oeste da ilha do Fogo, Cabo Verde, na freguesia de Santo António.

Quanto ao infeliz Nalgora, Hans-Gerrit Von Stockhausen um dos mais brilhantes comandantes da Kriesgmarine, depois de ter assistido calmamente ao seu abandono por parte de toda a equipagem, preparou-se de seguida para dar o golpe de misericórdia na sua nova presa. Normalmente os submarinos da classe do U-65 utilizavam para este fim, a potente peça de artilharia de 105mm instalada no convés. Depois de 70 disparos efetuados, o Nalgora foi remetido inexoravelmente para as profundezas do Atlântico, juntando a sua carcaça às mais de 5000, número verdadeiramente astronómico de navios mercantes aliados perdidos, durante a segunda guerra mundial.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

[1707] Ainda o novo livro de Luiz Silva, "Crónicas da Terra Longe"

A notícia já tem algum tempo, mas figura-se ainda como actual, dado que o livro por aí anda. E não veio para o Pd'B antes, porque estava reservada para o "Terra Nova", onde já saiu. Assim, aqui está ela agora, para ser lida, e o livro... para ser comprado.

Lançamento em Lisboa do livro "Crónicas da Terra Longe", de Luiz Andrade Silva
Joaquim Saial (texto e fotos)

No passado dia 24 de Julho deste 2015, data para sempre trágica pela morte do poeta e diplomata Corsino Fortes, foi lançado em Lisboa o livro do sociólogo cabo-verdiano residente em França Luiz Andrade Silva, "Crónicas da Terra Longe" (Chiado Editora, 442 pp.), colectânea de textos de reflexão escritos nas três últimas décadas sobre problemáticas diversas do seu país. O evento ocorreu na Livraria Desassossego, a São Bento, zona de grande e antiga tradição cabo-verdiana da capital portuguesa. Situada frente a um prédio onde residiu episodicamente o poeta Fernando Pessoa em 1905, daí lhe vem o nome, por via do "Livro do Desassossego" deste.

Arsénio de Pina
Com sala cheia, o lançamento teve apresentação do médico Arsénio de Pina e do professor da Universidade de Aveiro José Fortes Lopes, ambos também cabo-verdianos. Após as palavras de circunstância da representante da editora, Arsénio de Pina delineou uma pequena resenha biográfica do autor e referiu-se ao livro acentuando o alto alcance deste para um melhor conhecimento da emigração nacional, ao mesmo tempo que lamentava o facto de sucessivos governos não terem dado importância aos alertas do autor sobre os constrangimentos sofridos pela diáspora, tanto no exterior como nas relações com a própria pátria. O discurso de Arsénio de Pina derivou então para a história da emigração do povo das ilhas, não esquecendo no entanto de referir que o livro se debruça sobre outras vertentes de realce nas áreas da cultura, literatura, teatro, música, cinema, desporto, etc. A expressão "Luiz Silva não é homem de poder" e a acentuação na tónica de que o sociólogo poderia estar confortavelmente instalado na administração do país mas que tinha preferido fazer da sua vida um desiderato pedagógico ao serviço da terra natal, foi aproveitada pelo segundo orador, José Fortes Lopes, que cognominou Luiz Silva logo de início como "Senador da emigração". 

José Fortes Lopes
O docente universitário focou-se sobretudo no objecto da regionalização, actualmente a ser muito discutida, considerando que ela pode ser motor resolutivo de diversos problemas da sociedade cabo-verdiana, mormente com o concurso dos homens e mulheres da 11.ª ilha, a da diáspora, até hoje sempre desejados pelas divisas que remetem para a pátria mas pouco chamados a uma efectiva participação na construção da mesma. Referiu-se ainda ao caso dos emigrantes cabo-verdianos que em São Tomé ficaram retidos aquando das independências, sem capacidade financeira para pagarem o regresso a casa e às famílias. A este propósito lembrou uma ideia de Luiz Silva sobre o aproveitamento dessa sábia mão-de-obra e da dos seus descendentes num renascer das roças, hoje em parte significativa abandonadas. Numa conjuntura de trabalhadores livres, com conhecimento acumulado por décadas de trabalho, os cabo-verdianos poderiam impulsionar o renascer da produção de café e cacau são-tomense, com óbvias vantagens para si e para o país de acolhimento.

Luiz Silva
Foi então a vez de Luiz Silva dissertar durante cerca de meia hora sobre a temática do livro, desvendando à atenta plateia alguns aspectos do mesmo. A exposição do autor acentuou o contributo dos emigrantes para o desenvolvimento da cultura e até da democracia, devido ao seu convívio continuado com sociedades europeias avançadas, casos da França, Holanda e Suécia, por exemplo. E pode resumir-se num parágrafo do prólogo com que inicia a obra agora trazida a público: "Toda a narrativa contida nas páginas deste livro demonstra que as comunidades emigrantes e os nossos conterrâneos residentes nas ilhas são protagonistas do mesmo destino colectivo, separados apenas pela imensidão do mar, porque fatalmente próximos no coração e unidos no mesmo propósito de servir o seu país. E é por isso que a diáspora não pode ficar indiferente aos problemas do país como um todo, que ela acompanha e ausculta permanentemente com todo o desvelo em ser parte da sua solução, do mesmo modo como em tempos idos soube sempre reagir e responder 'Pronto!' nas horas críticas da nossa História, dando tudo o que podia sem regatear sacrifícios e canseiras."

Para além do prefácio de Arsénio Fermino de Pina, o livro ostenta na contracapa um texto de apresentação do coronel aposentado do Exército Português Adriano Miranda Lima, cabo-verdiano de São Vicente.

Para já, pode ser adquirido em:

ou em

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

[1706] Bananas, bananas... de Cabo Verde

Depois da imagem colocada no post anterior, nada melhor que relembrar o comércio de bananas entre Cabo Verde e Portugal, nos tempos de diazá. O País come hoje bananas da Colômbia, do Equador e da Madeira (pelo menos), mas consumi-las-á ainda provenientes da antiga colónia? Eu, se visse num supermercado a marca "Cabo Verde" nos saborosos frutos, não hesitaria um segundo. 

Vejamos então uma pequeníssima parte da comunicação feita em 15 de Novembro de 1972 pelo Governador de Cabo Verde, brigadeiro António Lopes dos Santos ao Conselho Legislativo de Cabo Verde, na Praia (contida no livro "Progresso apesar da seca", em edição da Agência Geral do Ultramar, publicado em 1973, com 95 páginas de texto, gráficos e índice que hoje nos chegou às mãos, 4.º da série que já temos da autoria do brigadeiro, todos referentes ao arquipélago e à acção deste militar que amou Cabo Verde).

Juntamos a este bananal um texto nosso de 09.11.2006 (antigo "Liberal") e a capa e uma referência a esse mesmo texto existente numa tese de licenciatura em engenharia rural feita em Cabo Verde sobre doenças da bananeira (2008) que muito nos honra.

Banana de Cabo Verde no mercado da Praia - Foto Wikipedia







Texto de António Lopes dos Santos

A banana de Cabo Verde, que já se impõe pela sua qualidade, à preferência do consumidor metropolitano – Cabo Verde é o segundo abastecedor do mercado metropolitano – carece para sua expansão no mercado externo, de melhores condições comerciais, que podem ser obtidas, nomeadamente, através de transporte e embalagens adequadas.

A experiência, já tentada, do afretamento de barcos estrangeiros, não resultou, porque a produção, afectada pela irregularidade dos transportes, não atingiu o nível que evitasse o pagamento de fretes mortos.

A solução deste problema terá, pois, de ser encontrada através da utilização de barcos que sirvam outras províncias e estejam equipados para drenar, em boas condições, o progressivo aumento da produção bananícola cabo-verdiana.


Texto de Joaquim Saial

CABO VERDE, MERCADO ABASTECEDOR DE FRUTAS

Não se trata de piada, nem a ideia é de agora – contudo realizável, diga-se, em abono da verdade. A afirmação lê-se num texto de primeira página do «Diário Popular», de Março de 1956, da autoria do Dr. Luís Terry, figura que teve várias ligações a Cabo Verde, entre as quais se conta a de reitor do mindelense Liceu Gil Eanes.

O articulista começava, como quase sempre neste tipo de artigos de propaganda das virtualidades das ilhas, por argumentar com o panorama humano: «Embora a vida seja árdua, Cabo Verde não é árido de sugestões: - um panorama humano rico de valores espirituais, com uma música característica dolente e saudosa; um paisagem literária de incontestável autenticidade, brotando das várias camadas sociais; uma obra de miscigenação deu resultados exemplares com absoluta ausência de preconceitos raciais (afirmação peremptória, mas exagerada, como sabemos) e uma alegria resignada e imanente.»

Depois, Terry lembrava que virtualmente o arquipélago sempre fora um mercado abastecedor de frutas mas que para o ser em toda a sua plenitude teria de ultrapassar alguns (poucos) obstáculos, nomeadamente na área dos transportes inter-ilhas. E citava o principal fruto do arquipélago, a banana. Enaltecia a qualidade da banana cabo-verdiana em relação à de outras origens e falava do interesse crescente entre os europeus por este fruto, caso da França que a chegava a importar da Guiana, e da Inglaterra, onde a cotação era cerca de 30$00 a dúzia (como termo de comparação, 10 anos depois, em 1965, 30$00 era o preço de um quilo de lagosta em Cabo Verde). Luís Terry divulgava que só a Ribeira de Paul de Santo Antão podia na altura produzir uns duzentos mil cachos anuais – que juntos aos da Ribeira das Patas, Janela, Pombas, Ribeira Grande e Tarrafal do Monte Trigo ascenderiam a 750 mil cachos. Mas além de Santo Antão, também São Nicolau, Brava e Santiago estariam em condições de exportar. Até o Sal, onde na Pedra de Lume havia terrenos calcários «dolomitas», extremamente adequados à produção de banana.

E Terry acrescentava a anona, a pinha, o abacate e o ananás, que se davam espontaneamente em Cabo Verde, como também passíveis de exportação de elevado nível. Mas mereciam-lhe especial atenção a manga – com possibilidades de colocação na metrópole e na Europa, embora fosse preciso melhorar o fruto através de enxertia que poderia ter como base a manga de Goa – e os citrinos que em Santo Antão poderiam atingir dois mil contos anuais, com base em dados na altura já antigos, de 1936.

Era então possível que Cabo Verde pudesse exportar frutas no valor de pelo menos vinte mil contos no curto período de cinco anos, com incremento até cinquenta mil. Isto se se criasse um organismo para planificar e garantir a execução de um programa que inevitavelmente teria de incluir moderno sistema de frio e crédito bancário para os produtores que se decidissem investir na área.

Por esta altura, o comércio de banana na Madeira orçava em cerca de oitenta mil contos. Mas segundo o autor do texto esse arquipélago não precisava de temer a concorrência de Cabo Verde, antes pelo contrário – associada a ela, a produção de Cabo Verde iria decerto conseguir melhores quotas de exportação para o estrangeiro, onde o mercado era maior e as vendas melhor remuneradas. E terminava recomendando a aquisição de fruta ao pequeno produtor, e que os trabalhos de embalagem, transporte e outros não deixariam de influir no sucesso da ideia que propunha.

A ideia era tornar o arquipélago num grande mercado abastecedor de frutas. Mas não foi isso que aconteceu nos anos seguintes. Por todos os 60 e primeiros 70, só a banana teve algum peso nas exportações cabo-verdianas, sobretudo para Portugal. Anonas, abacates e ananases, iam para Portugal quase só da Madeira. Quanto à manga – cujo consumo só bem mais tarde se generalizou na potência colonial –, que em Cabo Verde era saborosa mas muito pequena, ficaria mais ou menos confinada ao território ilhéu, com o carinhoso nome de “manga di terra” o que diz bem do raio de acção que à data conseguia atingir.

NOTA: O pedagogo e publicista Jorge Diogo Luís Terry de Sousa Pinto, natural de Revorá, Bardez, Índia Portuguesa, faleceu em 7 de Junho de 1960, com apenas 51 anos de idade, de doença incurável. Está sepultado no cemitério da Ajuda, Lisboa. Pertencia à data da morte ao quadro de professores do Liceu de Pedro Nunes. Era co-autor do célebre manual de Organização Política e Administrativa da Nação que se leccionava nos últimos anos do liceu.



sexta-feira, 16 de outubro de 2015

[1703] Portugal homenageia Manuel de Novas no Mindelo

Centro Cultural Português do Instituto Camões (pólo do Mindelo) abre portas a 23 de Outubro para homenagear o grande cantor e compositor Manuel de Novas, recentemente falecido. 
Veja AQUI
"Novas de Alegria", o veleiro que deu nominha a Manuel de Novas, seu tripulante

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

[1702] O "Bristish Zeal", um barco com sorte...

Ocorrência 3 - O British Zeal

(ver duas anteriores ocorrências, em posts já lançados do Praia de Bote; clique na etiqueta Ocorrência, mesmo no final deste post)

Luís Filipe Morazzo
Este evento irá abordar um tipo de incidente que não tendo sido muito comum, durante os dois conflitos mundiais, ainda foi reportado algumas vezes em diferentes latitudes e nem sempre com finais negativos.

Este é um desses raros casos, em que um navio após ter sido torpedeado e abandonado pela sua equipagem, depois de terem estado algumas horas nas baleeiras, e terem percebido que o navio continuou a flutuar, é mais tarde reocupado pelos seus tripulantes, tendo estes de seguida com muito estoicismo e coragem reparado provisoriamente as avarias e levado o navio a bom porto.

Pelas 23h00, do dia 31 de Dezembro, de 1940, vamos encontrar o petroleiro British Zeal de 8532 toneladas, construído em Glasgow, em 1937, propriedade da famosa empresa britânica, British Tanker Co. Ltd, Londres, após ter soltado amarras de Liverpool, a 16 Dezembro e ter tirado rumo a Freetown, a navegar isolado, depois de ter-se separado em 19 de Dezembro do comboio OB-260.

O British Zeal
Atingido a estibordo precisamente no meio do tanque nº 2, logo abaixo da ponte de comando, por um torpedo lançado pelo U-65, enquanto perfazia uma singradura a 10.5 nós, a cerca de 120 milhas a leste da ilha do Maio, Cabo Verde.

O U-65 tinha perseguido o navio-tanque por cerca de oito horas e lançado uma salva de dois torpedos, dos quais só um é que teve êxito. Um vigia do navio avistou um dos rastos dos torpedos, imediatamente alertou o timoneiro que colocou o leme cerrado a estibordo, manobra que evitou o impacto do primeiro torpedo, no entanto, não conseguiu evitar que o navio fosse atingido pelo segundo engenho.

A sorte deste navio começou logo a ser traçada, pelas péssimas condições de tempo que no momento do ataque reinava naquela área do Atlântico. Os alemães ao não poderem usar a peça de artilharia de 105mm, instalada no convés, com a precisão necessária para o efeito, não puderem fazer aquilo que tão bem costumavam fazer, dar o “coup de grace” na vítima, em que 98% destas ocasiões foram letais.

Os germânicos observaram atentamente como a tripulação abandonou o navio de uma maneira bem-disciplinada, embora com o mar cada vez mais agitado, deixaram a área sem questionar os sobreviventes, assumindo que o navio se iria afundar em breve. No entanto, a tripulação inglesa ao avistar o British Zeal ainda a flutuar na luz do por do sol, remou em direcção ao seu navio em mares cada vez mais bravios e reocuparam o petroleiro cerca do meio-dia de 1 de Janeiro de 1941.

Após uma vistoria cuidadosa ao estado do seu navio, os ingleses anotaram que três tanques tinham sido inundados devido a dois grandes buracos no lado de estibordo e o convés tinha sido rasgado pelas explosões da artilharia, porém a praça das máquinas foi encontrada intacta. A tripulação levantou a pressão do vapor e testou os motores e direção, de seguida abandonou o navio novamente passando a noite nas baleeiras, com receio que o U-boat ainda estivesse nas proximidades. Na madrugada do dia seguinte, a tripulação inglesa rapidamente reocupou uma vez mais o petroleiro e de seguida dirigiu-se para Freetown a 5 nós. Algumas horas mais tarde, em resposta a vários pedidos de auxílio lançados pelo British Zeal, não só, o contratorpedeiro HMS Encounter, mas também, o salvádego oceânico HMS Hudson responderam aos chamamentos, tendo mais tarde oferecido assistência e escolta até Freetown, onde todos chegaram a 8 de Janeiro. Em 16 de Julho de 1941, o sortudo British Zeal após ter sofrido consertos temporários, deixou Freetown em direção a Baltimore, onde iria sofrer reparos permanentes, chegando em 18 de Agosto. O navio retornou o serviço em Fevereiro de 1942.

Adjetivei de sortudo este petroleiro por várias razões, primeiro, porque este navio quando foi atacado, estava a navegar em lastro, caso contrário se estivesse em plena carga, as consequências teriam sido seguramente mais desastrosas, em segundo lugar, porque Hans Gerrit Von Stockhausen comandante do U-65, era já considerado à data deste ataque, um dos grandes ases dos terríveis U-Boats alemães, de tal modo era respeitado e considerado que no seguimento desta patrulha, foi promovido a comandante da 26ª flotilha em Pilau, tendo morrido ironicamente num estúpido acidente de viação, em Berlim, em 1943, e por último, as condições muito adversas do mar na altura do ataque, impediram que a tripulação do U-65 pudesse ter utilizado a terrível peça de 105mm, com a eficácia que normalmente patenteavam em condições semelhantes.

Importante mencionar que ao falarmos dos submarinos do tipo U-65, estamos a descrever o maior predador de navios que existiu durante a segunda guerra mundial. Foi devido à ação deste tipo de submarinos que o curso da guerra esteve indeciso até 1943 e quase foi invertido. Felizmente Hitler não deu ouvidos a Doenitz, comandante em chefe da sua arma submarina, quando este lhe pediu incessantemente que mandasse construir mais submarinos em vez dos grandes couraçados e cruzadores, que mais tarde veio a provar-se seriam alvos fáceis principalmente para a aviação inimiga.

O U-65 pertencia ao tipo (IXB), grupo constituído por 14 unidades, considerada a classe mais mortífera da segunda guerra mundial, com uma média de afundamentos estimada em mais de 100.000 toneladas. Podiam navegar à superfície a 18 nós, quando a maior parte dos vapores faziam 10 nós na melhor das hipóteses, tinham uma autonomia da ordem das 12.000 milhas náuticas, podiam transportar até 22 torpedos, 44 minas e cerca de 140 obuses para a sua peça de 105mm, o que lhes emprestava um poder de fogo terrível.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

[1701] No grande dia do Arrozcatum, no dia do 500.000, não houve festa

Esperava-se um post de categoria, esperava-se mancarra, cachupa, lagosta e sucrinha de borla, esperava-se grogue a escorrer dos botequins para a rua, foguetes e apitos dos barcos no porto, Mari Salema e Djosa d'Maderal a dançar na rua um umbigada e afinal... não houve nada. Mas como ainda há blogues com stil, eis o que o Praia de Bote oferece ao Arrozcatum, desamparado pelo seu dono (que alegou uma gripe, tudo mentiras)  naquele que se esperava que fosse um dos seus melhores dias.

A capicua do "antes"

O mesmo "antes" 

 O grande número no "durante"

 O "depois"

[1700] Um Mindelo muito, muito distante...

Do livro "Cartas de Cabo Verde", do Eng.º Luiz de Saldanha Oliveira e Souza (1946-48), edição (separata) do periódico Rosário

(...) Nesta cidade do Mindelo, a vida social é muito mais activa do que na Praia; os estabelecimentos comerciais, mais variados e importantes; a população mais numerosa; e o movimento do Porto Grande de São Vicente o mais intenso de todo arquipélago.

O liceu, muito frequentado, dada a feliz disposição do cabo-verdiano para o trabalho intelectual, e o elemento militar, ainda numeroso, contribuem para aumentar a animação da cidade. À noite, o jardim público , vistoso, espaçoso e bem iluminado, regurgita de passeantes, enquanto no coreto uma banda musical executa variado programa, tornando ainda mais agradável este recreio.

Quando há cinema, que ainda não é diário, enche-se a vasta sala  com espectadores de todas as categorias sociais.(...)


terça-feira, 13 de outubro de 2015

[1699] 500.000 cliques no blogue irmão Arrozcatum

Hoje ainda ou o mais tardar amanhã, o blogue amigo Arrozcatum alcança 500.000 cliques. Número forte e mais que simpático, obriga o "proprietário" do mesmo a abalançar-se ao milhão. Já estão dadas as felicitações e feito o conjunto de vivas no próprio Arrozcatum e por isso só deixamos agora a chapa mais desejada (cheia de brilho e reflexos) e o link AQUI dedicado aos nossos visitantes que lá queiram ir dar uma espreitadela e deixar merecidos parabéns.


[1698] Leia no número de Outubro do jornal "Terra Nova" (Cabo Verde) mais um texto de Joaquim Saial



Tubarões cabo-verdianos

Tubarões casam bem com Cabo Verde. Até os "azuis" do futebol e os "martelos" do basquetebol, que recentemente levaram longe e em pouco tempo o nome do país, tanto ou mais que outros actores do mundo artístico e desportivo. Porém, são coisa que mete medo, e com razão, aos que os temem (por isso escolhidos para nominha de equipas nacionais da baliza e cesto, pretendendo incutir terror nos adversários). Mas deixemo-nos de filosofias baratas e vamos aos verdadeiros tubarões das ilhas, os de fauces escancaradas e dentuça afiada.

O leitor não se assuste já, pois até podemos começar pelo tubarão-martelo verdiano mais divertido, o que Germano Almeida apresentou no seu livro maldito "A morte do meu poeta", de 1998, em que o esqualo devora nas águas do Tarrafal de Santiago um presidente da República eleito dias antes por uma margem de apenas três votos… deixando órfão o secretário, amigo e "his master's voice"…

Engraçado não foi o que relatava o jornal "Heraldo de Madrid" de 17 de Julho de 1929, em notícia proveniente de Londres: "Despachos das ilhas de Cabo Verde anunciam uma terrível tragédia. Uns pescadores da baía do Tarrafal (na notícia escrevem Tarrazal) pescaram uma espécie de tubarão e ao abri-lo encontraram no seu estômago os restos de uma mulher. Segundo as lacónicas informações dos despachos, o peixe tinha quinze pés de comprimento e, evidentemente, havia pouco tempo que devorara a sua presa, pois o corpo permanecia quase inteiro. Os restos mortais foram enviados às autoridades da Praia." Um caso semelhante aconteceria anos depois. Nos finais de Novembro de 1948, o "Diário de Notícias" de New Bedford declarava que um barco da empresa de pescas "Atlântida" capturarara no porto da Praia um tubarão com 400 quilos e três metros e meio de comprimento, cujo fígado pesava 81 quilos. Verificou-se então que no estômago do bicho havia um corpo humano "tão destroçado de carnes e roupas que não foi possível a identificação". (excerto)

[1697] Leia na próxima segunda-feira, 19 de Outubro, no "Liberal" (Cabo Verde), mais um texto de Joaquim Saial

Deputados por Cabo Verde em Lisboa: o dia do fim

Foi mais ou menos exemplar a presença em Lisboa de senadores ou deputados por Cabo Verde, tanto em período monárquico, nas Cortes, como durante a 1.ª República e o Estado Novo, na Assembleia Nacional. Avultam entre eles essas duas figuras tutelares de são-vicentinos, Augusto Pereira Vera-Cruz (1862-1933) e Adriano Duarte Silva (1898-1961). 

Os derradeiros representantes das ilhas na capital portuguesa foram o agrónomo e cientista social Tito Lívio Maria Feijóo (1917-1998), natural da Brava, e o proprietário e agricultor santantonense Armindo Octávio Serra Rocheteau (1919-1995).

Tito Lívio Feijóo, funcionário público do quadro do Ultramar, exerceu longa e brilhante carreira, com inúmeros cargos, tendo sido deputado na IX Legislatura (1965-69) e na XI (1973-74), com alguma participação nos debates parlamentares – de que salientamos o pedido de adopção de medidas de estímulo à indústria de extracção de pozolanas. (excerto)

Jornal "Liberal",  AQUI      Veja e comente os posts anteriores

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

[1696] Leia hoje, segunda-feira, 12 de Outubro, no "Liberal" (Cabo Verde), mais um texto de Joaquim Saial

O último ou "os últimos" governadores de Cabo Verde?

Quem foi de facto o último governador de Cabo Verde, da longa lista iniciada em 1481 com o corregedor Pero Lourenço?  

Se considerarmos aquele nomeado durante o tempo do Estado Novo com mandato completo, teremos o então brigadeiro do Exército António Adriano Faria Lopes dos Santos (que governou de 1969 a 74), personagem que se bateu por Cabo Verde junto de Lisboa e que com a antiga colónia/província a festejar em 1995 o seu 20.º aniversário como país soberano foi recebido no Mindelo com todas as honras. 

Mas se tivermos em conta o último nomeado pelo antigo regime, então encontramos Basílio Pina de Oliveira Seguro, também oficial do Exército, que só exerceu o cargo por cerca de dois meses, tendo sido exonerado pela Junta de Salvação Nacional por altura do 25 de Abril de 1974.

Depois há mais três figuras que vão deter fugazmente este título, sendo a primeira o cabo-verdiano Eng.º Sérgio Duarte Fonseca, empossado pelo Presidente da República General António de Spínola mas cuja destituição será entretanto reclamada pelo MFA de Cabo Verde; a segunda, o oficial da Armada Henrique da Silva Horta que só exerce por breves dois meses, em Agosto e Setembro de 74 (muito conhecido nas ilhas por ter sido longos anos comandante de dois dos barcos mais amados pelos cabo-verdianos, os navios-escola "Sagres", anterior e actual); (excerto)

Jornal "Liberal",  AQUI      Veja e comente os dois posts anteriores

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

[1693] "Senhor das Areias", o velho "pé de chumbo" dos mares de Cabo Verde

Na sequência da oferta de uma foto do veleiro Senhor das Areias que o Zeca Soares teve a gentileza de fazer ao Praia de Bote, fui dar com um discurso do deputado da antiga Assembleia Nacional de Portugal, Ricardo Vaz Monteiro (oficial do Exército, da arma de artilharia, ligado ao golpe do 28 de Maio), datado de 27 de Abril de 1955 em que a propósito das contas do Ultramar (muito detalhado relatório em que Cabo Verde é a colónia inicialmente referida) alude ao nosso para sempre estimado veleiro (mesmo, sendo pé de chumbo). Aqui fica de novo o Areias e um excerto da prosa do deputado, para além da foto do mesmo.



[1692] Henrique Ben David, um jogador cabo-verdiano (são-vicentino e ex-Mindelense) em Portugal (que o podia ter sido em França)

Ver AQUI e AQUI