terça-feira, 28 de junho de 2016

[2228] Um homem do Mindelo, sempre saudoso

José Fortes Lopes
"Nhô Djunga", João Cleofas Martins

O irreverente cronista mindelense, dos tempos imemoráveis 'quase de caniquinha' em que 'gent ta bsti calça na Soncent'. Era do mesmo estilo que Jonas Wanhon, o famoso da carta de 1957 ao deputado Bento Levy. Eram homens destemidos, irreverentes, sem papas na língua, não dependiam de sistemas políticos e de partidos, viviam duramente e dignamente do suor do seu trabalho e tinham por modelo os britânicos instalados nesta ilha. A fasquia era muito elevada para os homens daquele tempo. João Clófas Martins era uma opositor ao regime de Salazar, aquilo que podíamos caracterizar de anti-fascista, embora não fazendo política sistemática: criticava as câmaras e os desmandos do governo da Praia e de Lisboa, à boa maneira mindelense. Como ele havia centenas. 

Homens deste nível não podiam viver na sociedade cabo-verdiana contemporânea, tendo em conta os valores actuais, ou seja a sua ausência...

João Cleofas Martins, "Nhô Djunga"

3 comentários:

  1. Tens absoluta razão no que dizes, José. Os tempos são outros mas nem por isso melhores, no que a homens verticais e pujantes de civismo diz respeito.

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  2. Posso dizer que estes homens tem-nos inspirado, embora sem nos apercebermos, no calor das nossa acções. Adriano D Silva Baltazar Lopes, João Clófas Martins. Roque Golçaves e tantos outros. Digo isso não por vaidade, mas pela dificuldades da nossa missão. Num momento em que tudo parece perdido um fio condutor leva-nos direitinho a eles. No meio da pobreza daqueles tempos levantavam-se homens cujo único propósito era servir a sociedade e procurar a verdade. Por isso que nunca devemos abandonar, mesmo nos momentos em que tudo parece impossível e já os houve!!

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  3. Foi funcionàrio da Western Telegraph C°, depois Cable & Weireless antes de ser Fotôgrafo. Vivia numa casa atenente à cunhada Benvinda Oliveira Santos; tinha três sobrinhas (Manuela, Augusta e Diana) e um sobrinho (Francisco Martins), bancàrio que se notabilizou (Cômico) nos teatros da Troupe Cénica Tropical (TCT). Xiquinho era o pai de, entre outros, do célebre musicôlogo Vasco Martins.

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