terça-feira, 20 de setembro de 2016

[2455] Excerto da 47.ª Crónica do Norte Atlântico para o jornal "Terra Nova". Sairá no final deste mês


1970. ANTÓNIO LOPES DOS SANTOS, UM NOVO GOVERNADOR PARA CABO VERDE

Em 12.10.2015, publicámos no jornal "Liberal" um artigo intitulado "O último ou os últimos governadores de Cabo Verde?", onde inevitavelmente se referia o brigadeiro António Lopes dos Santos. Embora seja possível ler de maneira independente a presente "Crónica do Norte Atlântico", ela vem na sequência desse texto.

Joaquim da Silva Cunha e António Lopes dos Santos
Era uma quinta-feira, esse dia 5 de Março de 1970. Ao Mindelo, vindo da Praia e convidado pelo governo de Cabo Verde, chegara o conselheiro Dr. Carlos Renato Gonçalves Pereira, juiz aposentado do Supremo Tribunal de Justiça que antes de regressar a Lisboa ainda iria ao Fogo. Mas em Lisboa, no Palácio do Restelo, onde estava instalado o ministério do Ultramar, desenrolava-se assunto bem mais importante: a cerimónia de posse do novo governador de Cabo Verde, brigadeiro António Lopes dos Santos  que iria render o comandante Leão Sacramento Monteiro. Presidia, o ministro do Ultramar, Joaquim da Silva Cunha .

Lopes dos Santos vinha de uma comissão na Guiné, onde fora comandante em chefe sob a governação de António de Spínola. Conhecia portanto muito bem a realidade geoestratégica local. Para além disso, fora governador de distrito em Moçambique e governador-geral de Macau. De modo que a sua nomeação parecia mais que adequada, o que se veio a confirmar cabalmente já que exerceu o cargo com sabedoria e o máximo empenho, tendo-se revelado um dos melhores dirigentes que passaram pela colónia, ainda por cima durante mandato assoberbado por gravíssima crise agrícola. Talvez por isso, foi em 1995 convidado pelo governo da república a visitar o país, durante o 20.º aniversário da independência, tendo ali sido recebido com todas as honras. (...)

4 comentários:

  1. Djack, feliz ideia lembrar aqui a boa governação do brigadeiro António Lopes dos Santos. Mas tenho de fazer uma observação sobre o que dizes a respeito do cargo militar que ele exerceu na Guiné. Não pode ter sido o de comandante-chefe, pois este era exercido pelo Spínola em acumulação com o de governador da província. Aliás, esta acumulação foi iniciada já com o antecessor do Spínola, o general Arnaldo Schulz. O cargo que o brigadeiro Lopes dos Santos exerceu deve ter sido o de comandante do Comando Militar Independente da Guiné. Ora, o general comandante-chefe tinha sob o seu comando hierárquico os comandantes, respectivamente, da componente territorial terrestre, aérea e naval. Não me lembro já se o Lopes dos Santos foi subordinado do Spínola na Guiné, mas se foi só pode ter sido naquela função - Comandante do Comando Territorial Independente da Guiné.

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    1. Sim, é verdade o que dizes e já estava para ser emendado quando fizer a revisão de texto no pdf que me hão-de enviar. Este é o escrito preliminiar que não só terá essa emenda como outras. Isto aqui é apenas o aperitivo. Depois de ter escrito isto há cerca de um mês, encontrei novos dados como este que segue e será introduzido: "António Lopes dos Santos foi segundo comandante militar e comandante operacional adjunto do comando-chefe da Guiné, entre 1968 e 1970". Nem emendo ali em cima, porque o que interessa é o texto final.

      Braça à brigadeiro,
      Djack

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  2. O brigadeiro António Lopes dos Santos foi um excelente governador com obra feita.
    Muitas políticas iniciadas por ele tiveram continuidade por décadas a fio.
    Em SV deixou um marco indelével. A sede actual do Amarante teve um grande apoio dele

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  3. Djack, só mais um esclarecimento. Efectivamente, o então brigadeiro Lopes dos Santos foi "comandante militar da Guiné" e não "comandante militar adjunto". O comando militar (respeitante às forças terrestres) era um dos comandos dependentes do comando-chefe, assim como era o comandante aéreo e o comandante naval. No meu comentário anterior, disse Comando Militar Territorial Independente da Guiné, que era a expressão mais concreta do comando militar. Ele terá sido também, e em acumulação, o "Comandante Adjunto Operacional" do Comandante-Chefe, pois, pertencente ao exército, era mais natural que fosse ele o titular desse cargo e não os comandantes dos outros ramos.
    Parece excessivo este esclarecimento, mas não é mais do que isso.

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