segunda-feira, 29 de maio de 2017

[2991] Intervalo

Assoberbado com três artigos que tem em mãos, mais duas outras actividades falatórias que requerem cuidada preparação, Praia de Bote faz intervalo para mergulho total na papelada e no arquivo. Até breve!


[2990] Não é não, este blogue não é um serviço público!!!


Ao longo dos mais de seis anos que este blogue tem vindo a servir o Mindelo, São Vicente e Cabo Verde (exactamente por esta ordem - que é a que nos interessa), temos recebido pedidos de colaboração de estudantes e professores universitários (de Portugal, Cabo Verde e Brasil) sobre assuntos das ilhas. Não admira, pois os 3000 posts aqui colocados consubstanciam na realidade um manancial de informações extremamente valioso, resultante da nossa contínua pesquisa e de materiais gráficos e escritos e colaborações que três ou quatro amigos (os chamados indefectíveis, um dos quais recentemente falecido) nos oferecem de há muito.

Acontece que com a nossa habitual boa vontade e espírito de corpo (investigador que se preze deve colaborar com os seus parceiros, desde que isso não prejudique o seu próprio trabalho, nomeadamente quando pretende publicá-lo, o que se compreende) temos correspondido a esses pedidos, três dos quais aconteceram nos últimos dois meses e o último hoje (que terá possível participação do Adriano Lima e do Djô Martins, se eles assim o entenderem). 

Acontece também que a generalidade dessas pessoas que nos têm pedido colaboração, todas desconhecidas nossas até aí, depois de apanharem o que pretendem (e quase todas têm levado algo do seu interesse) levantam ferro, zarpam e nunca mais vêm a este porto dar o ar da sua graça. Daí que a partir de agora, com a excepção do de hoje, o Praia de Bote nunca mais responderá a pedidos desta natureza. Quem desejar usufruir dos nossos arquivos, que venha até aqui, que se torne um de nós (é fácil e gratuito...) e depois logo falaremos...

[2989] Morreu um bom mindelense: "Lela" da Casa das Bandeiras

Ver AQUI

quinta-feira, 25 de maio de 2017

[2984] Prometido é devido

Para os efectivos do Pd'B, mesmo que um deles não tenha cumprido a mandança comentarial total - que afinal tem cumprido quase sempre, com raríssimas excepções. Amanhã, para eles, seguirá o documento completo. Para os mudos, fica este excerto bailável. É que quem não trabuca, não manduca... e agora, os grandes posts, de material especial, só vão (completos) para quem é DE FACTO comentador.

[2983] Mais Morgadinho, em "Um Página Voltode" (ver post anterior)


[2982] Morgadinho, em "Flor Formosa"



Em Portugal, o dia está feio, com o tempo armado em tropical, muito calor e chuvadas fortes. Para animar os portugueses e cabo-verdianos que cá vivem, eis Morgadinho a soprar directamente de França para nós. Força ness trumpete, grande criol d'Gália.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

[2981] Mais Jovino. "Mnine de Soncente", de 2016 (com carinha d'gente tchéu cunchide na mei dess muzga)


Pena a gralha "Mnie" no título escrito sobre o filme. Contudo, no título do post do Youtube, a palavra está certa. E, de facto, ser "mnine de Soncente" é algo muito especial. Só quem o é, o compreende.

terça-feira, 23 de maio de 2017

[2980] Novos estudos mostram que afinal a morna não nasceu na Boavista mas sim em Braga. Ou quase...

Confirmaremos esta afirmação por email a quem já tenha comentado ou comente todos os posts até ao 2970, inclusive, até dia 25 (quinta-feira), pelas 22h00. É desnecessário comentar este.

[2979] Um single de Jovino (dos Santos)

O "single" era a categoria mais económica dos discos, apenas com duas canções, uma de cada lado, o A side e o B side. Depois, havia os EP, com duas em cada face e os LP, com bastantes mais. Aqui temos portanto,com selo "Monte Cara" um single de Jovino, cantor a autor de ambas as peças,"Guerra d'casode" e "Viver d'Criol". Ouvir AQUI o lado B



[2878] A Rota dos Escravos, parte 3

[2877] A Rota dos Escravos, parte 2

[2876] A Rota dos Escravos, parte 1

sábado, 20 de maio de 2017

[2970] Afinal...

Ver AQUI e AQUI

[2969] Um fotógrafo gaulês no Mindelo, na transição do século XIX para o XX

O homem estava na cidade há algum tempo, quando fez esta foto em papel de luxo e com um cuidado gráfico que só alguém vindo de lugar bem cosmopolita era capaz de realizar. Dois manos (?) desconhecidos, exactamente em 1900, o ano em que Eça de Queirós morreu, fotografados pelo Maximilien Baumont. Claro que quem mais percebe destas coisas é o Djô Martins, como AQUI se pode ver...


sexta-feira, 19 de maio de 2017

[2968] José Luís Fonseca Soares de Carvalho continua a dar pontos ao Pd'B

José Luís Fonseca Soares de Carvalho, de quem já havíamos falado em tempos, continua na sua solitária missão de dar pontos ao Pd'B. Porém, nunca chegou à fala connosco. Enfim, ele lá sabe... De qualquer modo, agradecemos a militância com que nos vai brindando, embora isso não nos sirva absolutamente para nada. Um bom comentário era muito mais interessante que 100 pontos...


[2967] O Obama de Cabo Verde

Ver AQUI

[2966] Museus de São Vicente

[2965] Hoje há instrução de artilharia na Ponta João Ribeiro

Quem seria o soldadinho cabo-verdiano que se fez fotografar junto às peças?

Foto de 1941
Ver post antigo AQUI

quinta-feira, 18 de maio de 2017

[2964] Dados e mais dados, em São Vicente. Ou o progresso a florescer de novo na ilha que mais o teve

[2963] Ele sabia!... Ele percebia do assunto!...



[2962] Os três posts do Praia de Bote mais vistos durante a últma semana.

Poderá estar sempre a par de quais são os posts mais vistos na última semana no Praia de Bote, aqui ao lado (à direita, no ecrã). Com actualização automática, dão uma ideia dos gostos dos nossos visitantes.


[2961] Eis a pergunta mais desnecessária de sempre...

A que ex-colónia portuguesa se refere a fotografia que serviu de capa a este desdobrável intitulado "Portugal Ultramarino"?


[2960] Groguim pa tude munde

Já tínhamos mostrado esta garrafa de grogue Serena, portanto garrafa marcada. Mostramos agora uma garafa anónima mas óbvia e decididamente cabo-verdiana e quase de certeza com algum odor interior do generoso líquido santantonense.




quarta-feira, 17 de maio de 2017

[2959] Morna, morna! Mais material entrado no arquivo do Pd'B (ver post anterior)

Outro material significativo sobre a morna, do qual também só se mostra metade, destinado a utilização em artigo a sair oportunamente em jornal de Cabo Verde.

[2958] Material entrado no arquivo do Pd'B

Material muito significativo sobre a morna, do qual só se mostra metade, destinado a utilização em artigo a sair oportunamente em jornal de Cabo Verde.

[2957] Acontece dia 24, no platô da Praia, ilha de Santiago: novos olhares sobre a África


[2956] Câmara Municipal de Santa Catarina, ilha de Santiago, organiza no Centro Cultural Norberto Tavares


O Pelouro da Cultura, Género, Comunicação e Imagem, liderado pela vereadora Jassira Monteiro, assinala esta quinta-feira, 18 de Maio, o Dia Internacional dos Museus, que este ano se realiza sob o lema "Museus e Histórias contestadas: Dizendo o indizível", e tem lugar no Centro Cultural Norberto Tavares.

As actividades prolongam-se até ao dia 26 de Maio, registando no próprio Dia Internacional dos Museus uma conferência sobre "O Papel dos Museus no Desenvolvimento do País", que tem como orador Jair Fernandes, técnico do Instituto do Património Cultural. Neste dia regista-se, ainda, a abertura da Exposição "As Fomes em Cabo Verde: Causas e Efeitos (1580-1949)", bem como de uma MiniFeira de Livros e distribuição de desdobráveis, que se prolongam até dia 26.

Guia da Exposição

A Exposição temporária e itinerante "As Fomes em Cabo Verde: Causas e Efeitos (1580-1949)" foi inaugurada em 2013 e relata um período negro da nossas história, pouco divulgada no país, mas que deve ser contada aos mais jovens, de modo a conhecerem os anos de sofrimento, mortes e miséria de inúmeros cabo-verdianos, cuja luta pela sobrevivência não foi fácil, sobretudo, devido à insularidade e à seca que desde os primórdios fizeram sentir os seus efeitos nas ilhas.

Esta mostra documental e fotográfica está organizada em 18 (dezoito) painéis e 7 (sete) secções temáticas intituladas, respectivamente:

1 – Breve contextualização histórica e fotográfica de Cabo Verde;
2 – As Fomes em Cabo Verde;
3 – As Principais Causas da Fome;
4 – Os Efeitos das Fomes na Vida do Povo das Ilhas;
5 – A Assistência Pública em Tempos de Crise;
6 – Cidade da Praia “Porto de Abrigo” dos Famintos;
7 – O Desastre da Assistência.


[2955] Da construção/reforma do Estado (2/2)

Praia de Bote publica hoje a segunda e última parte de um longo e profundo texto de Arsénio de Pina (ver post 2952 AQUI), esperando que o autor comente regularmente alguns dos posts que aqui vão sendo lançados, aqueles que achar mais interessantes. 

Arsénio de Pina - Foto Joaquim Saial
É bom de ver que o nosso país, apesar de gozar da fama de boa governança, aplica muito pouco essas capacidades do Estado, razão por que o nosso progresso vem minguando, sobressaindo-se vários vícios condenáveis que não auguram correcção de asnidades, erros e negligências cometidos no passado, com favorecimento de determinados sectores de actividades e grupos de empresas públicas e privadas favorecidas com PCA, directores e presidentes de certas instituições de regulação económica, alguns autênticos oligarcas de partidos políticos, num país em que desempregados de longa duração desesperados cometem delitos sem receio de irem parar à cadeia por beneficiarem de comida e cama, como vem acontecendo na ilha onde me encontro, S. Vicente.

A liberalização da economia, a economia de mercado e a globalização não podem ser instituídas na ausência de instituições nacionais adequadas, como aconteceu em vários países do Terceiro Mundo; entre nós até tivemos uma longa moratória concedida pela OMC (Organização Mundial do Comércio) para nos adaptarmos, que não foi utilizada, o que levou à falência, por concorrência desleal (dumping) de empresas estrangeiras, de algumas das nossas jovens indústrias, facilitando e promovendo-se a importação, quando deveríamos ter investido na criação e robustecimento de pequenas e médias empresas e indústrias e ligações marítimas entre as ilhas a fim de limitar as importações. Critérios de prioridade não são utilizados entre nós, porque se fossem, teríamos dado, como ilhas, prioridade absoluta, à comunicação marítima. Há ilhas (de vocação agrícola) que não se desenvolvem por não poderem exportar e não criam indústrias de transformação dos seus produtos pela mesma razão e pela empolada burocracia que emperra todas as iniciativas e protege funcionários preguiçosos e incompetentes, facilitando até a corrupção para ser ultrapassada. Um exemplo do cancro burocrático: em 1989, Fernando Soto enviou os seus investigadores ao Peru para montar um pequeno negócio: 10 meses dispensados, 11 repartições visitadas e 1231 dólares de custo, para, finalmente, conseguir autorização legal para montar um estabelecimento. O mesmo processo nos EUA ou Canada teria demorado menos de 2 dias. Em Cabo Verde, presumo, pelo que me contam, levaria mais tempo do que no Peru. E lamentamos não ter muito investidores. Dispomos de burocratas especializados em empatar a resolução de problemas, renitentes a encontrarem soluções.

Bem, cheguei ao que pretendia. Uma grande parte da teoria da organização gira em torno de um único problema central: a da delegação de poder. Aí é onde está o busílis. O nosso Grupo de Reflexão Sobre a Regionalização e a Descentralização já falou e escreveu imenso sobre o assunto, mas irei acrescentar ou reforçar alguns pontos, não obstante ter chegado à conclusão que raríssimas são as pessoas que, actualmente, lêem em Cabo Verde, o que já motivou, da parte do Presidente da República, o slogan Ler Mais, Saber Mais, a ver se se estimula a leitura, factor essencial para o conhecimento, a cidadania e o desenvolvimento. Esquece-se de que os direitos cívicos devem anteceder os sociais. A defesa do bem social exige sempre o combate pelos princípios e ideias e as boas leituras ajudam muito nisso.

A Suiça é um exemplo de federalismo e regionalização. Há a comuna (local), o cantão (intermédio) e o poder central. A comuna tem direitos delegados do cantão e do centro, o cantão do poder central. Cerca de 75% dos impostos são cobrados e utilizados pela comuna e cantão e cerca de 25% pelo poder central. Se se aplicasse esse princípio em Cabo Verde, S. Vicente viveria na abundância bem como outras ilhas.

O professor F. Hayek, Prémio Nobel de economia e o papa dos neoliberais, salientou que a complexidade da economia moderna exige um grau cada vez maior de descentralização dos processos de decisão económica, até porque a maioria da informação usada na economia é de natureza local, normalmente somente do conhecimento dos agentes loco-regionais. Este facto levou-o a condenar o planeamento centralizado dos socialistas. A deslocação para níveis inferiores da hierarquia e para perto das fontes de informação loco-regionais dos centros de autoridade para tomar decisões permite, além do mais, às organizações uma resposta mais rápida a certos tipos de mudanças no ambiente externo que não se conformam com grandes delongas. Quando o processo de decisão está espalhado por um grande número de unidades, pode haver competição e inovação entre elas em benefício das populações. É o que temos defendido mas os governos têm feito ouvidos de mercador.

Os governos totalitários, geralmente de partido único, não apreciam a descentralização visto ela estar associada a altos níveis de participação e controlo populares, ligados, por isso, a valores positivos como a democracia. As organizações mais eficientes são inevitavelmente as administradas por pessoas muito capazes, a quem é concedida uma grande autoridade e autonomia e que necessitam de poucos controlos institucionais formais.

“A grande desvantagem da administração pública, comparada com a gestão do sector privado é as empresas privadas estarem sujeitas a um processo darwiniano implacável de competição e selecção, enquanto os serviços do sector público estão superlotados de gente incapaz aí metida pelo partido que governa; a sua vocação não é o serviço público, como devia ser, mas sectores para empregar, sem concurso público, familiares, amigos e militantes obedientes, razão por que a maioria deles ou vai à falência ou é suportada pelos impostos dos cidadãos sem nada produzir ou produzindo mau serviço. Entre nós temos vários exemplos dessas empresas.

A maior parte dos Estados do Terceiro Mundo, mormente em África, não são instituições auto sustentadas que possam sobreviver à retirada da intervenção externa ou da solidariedade internacional, por falhas na constituição das suas instituições, venalidade dos seus dirigentes e predomínio do populismo governamental que não permitem a execução do único poder legítimo que é exclusivo dos Estados, mesmo na globalização de hoje, o poder de fazer respeitar e cumprir as leis, como bem lembrou o Prof. Adriano Moreira.

S. Vicente, Maio de 2017      

[2954] Sem elas, o que seria de Cabo Verde?

Ver AQUI

terça-feira, 16 de maio de 2017

[2953] Soncente já tem catchorre pa spiá droga, ladrom e bomba...

[2952] Da construção/reforma do Estado (1/2)

Praia de Bote publica hoje a primeira parte de um longo e profundo texto de Arsénio de Pina, esperando que o autor comente regularmente alguns dos posts que aqui vão sendo lançados, aqueles que achar mais interessantes. 

Arsénio de Pina - Foto Joaquim Saial
"Na cultura progressista, o mundo progride lentamente para uma distante utopia, por meio da criatividade e do esforço dos indivíduos", segundo Mariano Grandona (citação de Casimiro de Pina). Deduz-se disso que o indivíduo necessita de liberdade para se instruir, ter ideias e iniciativas para inventar coisas. Esta a razão por que as maiores invenções e progressos tiveram origem nos países de liberdade e não naqueles em que o Estado comanda tudo, ocupa todos os espaços e condiciona a liberdade ao pensamento único do partido político, atrofiante e castrador. Nessas sociedades de partido e pensamento únicos, a sociedade civil é praticamente inexistente, por o Estado não lhe deixar espaço para se desenvolver, havendo, portanto, uma maioria silenciosa. Os que tentam sair dessa maioria muda, ou são ostracizados ou vão parar à cadeia, por contrariarem as ideias dessa maioria (silenciosa), o que nos faz desconfiar da maioria como critério de democracia e de Estado de direito, visto poder haver atropelos graves aos direitos fundamentais. Regimes desse tipo têm por estratégia o exercício da diversão, desviam a atenção da população de assuntos graves, mantendo-a dócil, ignorante, agradecida e entretida com futebóis, festivais de música, concursos de canções, liberdade de acção de seitas religiosas mercantis que amedrontam as populações com a aproximação do Juízo Final anulando nelas qualquer iniciativa ou protesto. É a falta de cultura democrática a causa disso, em particular dos governantes.

As palavras de ordem da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade – que electrizaram o mundo e subverteram a ordem pública e os poderes existentes até à data na Europa, com reflexo para outros continentes, não tem o mesmo valor para todos os regimes ditos democráticos. A fraternidade foi transformada em solidariedade pelo socialismo, a igualdade confundida por outros regimes com igualitarismo e mediocridade, em vez de elevação de nível com valorização das virtudes tradicionais – o respeito, a honra e a honestidade – e o combate pelos princípios e ideias que engradecem o espírito humano. A democracia não pode contentar-se, fiando-se somente na maioria, por esta poder errar; terá forçosamente de ter uma ética, a fim de evitar a tirania das massas populares, isto é, do povo manipulado, acéfalo.

Em Cabo Verde, depois da independência, o PAIGC/CV optou pela igualdade no mau sentido, isto é, pelo igualitarismo e a mediocridade, menosprezando os bons hábitos, costumes, outros valores e virtudes morais tradicionais da cultura nacional, o que deu, como resultado, que parte significativa das novas gerações, por falta de referências morais e éticas, encaminhou-se para o tipo rasca, sobretudo nos meios urbanos, não respeitando nada nem ninguém na sociedade e na escola, proferindo palavrões, como se fossem interjeições, que outrora só se ouviam proferidas por mondrongos. O Estado terá de rever isso e impor medidas correctivas enquanto ainda houver gente que conserva essas virtudes antigas perfeitamente compatíveis com a liberdade e a igualdade perante a lei e Deus. 

Não nego melhorias evidentes e gratificantes em muitos aspectos materiais e os ganhos democráticos com a mudança do regime com o MpD, mas há que combater o mal, os vícios adquiridos, a corrupção, o compadrio, o amiguismo, a colocação de familiares, amigos e militantes incompetentes em cargos públicos, até beneficiando de acumulação de salários, sem concurso, com salários fabulosos, mesmo obscenos, que vão campeando por aí corroendo a sociedade, porque se isso não for feito, banalizam-se essas chagas e vícios e será o fim, como aconteceu noutros países africanos onde há Estados falhados.

Vejamos algumas informações e propostas do economista americano e Prémio Nobel de economia, Francis Fukuyama, para a construção/reforma dos Estados. O primeiro Estado liberal foi a Grã-Bretanha. No início não havia impostos sobre rendimentos, nem programas de combate à pobreza ou regulamento da segurança alimentar. Com o tempo, as guerras e as crises económicas provocadas pelos que se aproveitaram da passividade do Estado, essa ordem liberal desfez-se e o Estado minimalista foi substituído em grandes partes do mundo por Estados centralizados activos que, pouco a pouco, se tornaram Estados totalitários, que trataram de abolir ou reduzir ao mínimo a sociedade civil, subordinando as pessoas aos seus objectivos. A versão direitista desta experiência terminou em 1945 com a derrota do nazismo e a esquerdista implodiu com a queda do Muro de Berlim em 1989.

No princípio do século passado, as instituições do Estado consumiam, aproximadamente, 10% do PIB na maioria dos Estados da Europa Ocidental e nos EUA; por volta de 1980, já consumiam 50% do PIB, atingindo 70% na Suécia com o Estado-Providência da sua social-democracia, o que teve de ser modificado com cortes drásticos nos benefícios excessivos aos trabalhadores e na dimensão do Estado para evitar rupturas. A verdade é que não se pode distribuir sem criar riqueza, havendo necessidade de algum equilíbrio entre produção e gastos e controlo rigoroso de eventuais cleptocratas.

Ao conjunto de medidas destinadas a reduzir o grau de intervenção do Estado em assuntos económicos chamou-se Consenso de Washington ou, depreciativamente, neoliberalismo, nem sempre ou raramente levada a cabo correctamente porque exige Estado mínimo ou ausência de intervenção do Estado, quando, em boa verdade, os seus idealistas e defensores, embora defendessem diminuição da intervenção do Estado em certas áreas, este necessita, simultaneamente, de ser fortalecido noutras áreas, o que, de resto, muito raramente acontece na maioria dos países, levando ao não cumprimento das promessas de melhorias gerais sustentáveis, mas de multinacionais e empresas mafiosas que se aproveitam da debilidade do Estado para explorarem quem trabalha.

Os resultados negativos do neoliberalismo mal conduzido, sem regulação económica nem intervenção do Estado, levaram a crises generalizadas económicas, financeiras e sociais, precisamente por o Estado ter perdido o direito do uso legítimo da força para meter nos eixos, de preferência, a não deixar sair dos eixos, a economia e o sistema financeiro. A força legítima significa "capacidade de formular e levar a cabo políticas e promulgar leis; administrar com eficiência e com um mínimo de burocracia; controlar abusos de poder, a corrupção e o suborno; manter um elevado nível de transparência e responsabilidade nas instituições públicas; e, o mais importante, fazer cumprir as leis, doa a quem doer."
(continua amanhã)

[2951] Mindelo, cidade "burmedje"

No Mindelo, para além dos gloriosos vermelhos do Mindelense de lá, há os vermelhos do glorioso Benfica... de cá. E não são poucos...

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[2950] "Sagres", pela 30.ª vez no Mindelo e... visitável!

Ver AQUI
Navio-Escola "Sagres" atracado na Base Naval, Alfeite

[2949] Ver post anterior

[2948] No Soncente ca tem moeda de tartaruga...

segunda-feira, 15 de maio de 2017

[2947] Golfe em S. Vicente: jogam num "green" que é "brown" e não têm sapatos de rico mas dão grandes tacadas. Filme de há um mês que merece ser revisto

[2946] O selo era de deztom e ele era o Presidente em viagem. A data foi a de 8 de Fevereiro de 1968


[2945] Finalmente, as ventanias de Cabo Verde servem para alguma coisa... importante

[2944] União Europeia continua a apoiar Cabo Verde

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Imagem jornal "A Nação"

[2943] Europeus vão continuar a comer peixe cabo-verdiano

Ver AQUI
Cavalas cabo-verdianas "adquiridas" no blogue Esquina do Tempo

[2942] Quando a burocracia é rainha, os que a sofrem procuram outras paragens... É dos livros!!! Mas ainda há quem não os tenha lido!!!...

Ver AQUI

[2941] O Benfica também é de Cabo Verde... e do Largo Eusébio, na Achada de Santo António, Praia

Ver AQUI

[2940] A voz inteligente de um pequeno país democrático sobre uma Guiné Equatorial a mais na CPLP

Ver AQUI
O sujeito...

[2939] ADECO, uma associação de defesa do consumidor, de São Vicente para todo o Cabo Verde

Ver AQUI (e também no jornal "Terra Nova", onde a associação tem coluna cativa)