sexta-feira, 30 de março de 2018

[3673] "O Crioulo de Cabo Verde, surto e expansão", livro de António Carreira

O livrinho tem apenas 96 páginas (Lisboa, 1984, 2.ª edição com adaptações, edição do autor - a 1.ª, de 1982, esgotou-se rapidamente), mas é um poço de qualidade. Entrou ontem na biblioteca do Pd'B e foi logo lido/devorado/mastigado em cerca de duas horas. Carreira foi nosso professor, na cadeira de Antropologia Social - que era partilhada com Mesquitela Lima. Dois cabo-verdianos, portanto, na lisboeta Avenida de Berna, numa Universidade Nova (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas) que era de facto nova, em idade e filosofia. E quem teve a sorte de frequentar as aulas deste duo de luxo, sempre cheias, não os esquece.

António Carreira - Foto blogue Barros Brito
Quanto ao exemplar de hoje, entre diversos motivos de interesse (vários, mesmo), possui este que diz muito da honestidade intelectual do seu autor. Apresenta-nos Carreira uma bibliografia de seis páginas, recheada de obras mais ou menos conhecidas, inclusive algumas de autores cabo-verdianos, como Dulce Almada, Jorge Morais Barbosa, Pedro Cardoso, Baltasar Lopes... Mas tem o cuidado de colocar no final desta enumeração a seguinte nota: "(X) As obras assinaladas com esta sigla não foram consultadas. Registamo-las para futura consulta, se possível."  Ora o nosso homem, não tendo tido oportunidade de - por motivo que não vem ao caso - chegar a estas obras, mas sabendo da sua existência, não deixou de as assinalar, para seu futuro uso ou de outros investigadores. Pd'B que anda sempre metido em andanças deste âmbito, sabe bem que há muito bom mnine d'nôs praça que escreve artigos de duas ou três páginas e lhes junta bibliografias de dez... com peças que não só não foram lidas pelo autor como não têm nada ou quase nada a ver com o assunto em causa.

Curiosa é a reprodução na página 77 e na contracapa, de imagens de páginas de um jornal de Curaçao (Antilhas, próximo da Venezuela) onde se pode ler o seu papiamento, próximo do nosso crioulo. Enfim, um bom livro que se consegue por preço assaz reduzido, neste momento. Mas para isso, é preciso ir à caça, obviamente... e este, nós caçámo-lo!




[3672] Força Aérea Portuguesa patrulha zonas marítimas de Cabo Verde

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[3671] S.Vicente: deputada Filomena Martins diz que indicadores de saúde da ilha são um dos piores e exige explicação do Governo

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quinta-feira, 29 de março de 2018

[3670] Uli uns mnis ta brincá c'sês carrim d'lata e madêra...

Neste caso, conhecemos pessoalmente o destinatário, poeta português alentejano residente em Almada. O postal foi-lhe remetido do Paul de Santo Antão, em 8 de janeiro de 1980. Uma bela imagem, demonstrativa do engenho de quem não tem brinquedos de loja e os fabrica com imaginação, em madeira, lata e arame. NOTA: Entretanto, substitui no título "mnine" por "mnis" que acho que é mais correcto. Se alguém achar o meu crioulo meio farrusco, agradeço que mo diga. Só assim se melhora.

[3669] Monte Cara em fundo... cenográfico

Em tempos, já mostrámos uma foto deste militar da Armada (especialidade despenseiro) Ver AQUI. Agora, descobrimos outra foto sua, mas de pose em pleno cenário de Porto Grande, feita na Foto Melo. 


[3668] Pliça cambá na Praça Strela

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[3667] Cabo Verde aposta TOTALMENTE em energias renováveis

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quarta-feira, 28 de março de 2018

[3666] "Crónicas do Norte Atlântico" (jornal "Terra Nova", de Cabo Verde) de Março-Julho.2018, recuperam conjunto de textos saídos no "Liberal" em 2006

[3665] Um livro de Bento Levy, "Deputado da Nação pelo círculo de Cabo Verde" em Lisboa

Acerca de Bento Levy, Praia de Bote já colocou vários posts que poderá ver AQUI, AQUI, e AQUI

Quanto a este curioso livro (edição "fora do mercado" do autor) de 126 páginas, composto e impresso na Imprensa Nacional de Cabo Verde em 1963, andou perdido (melhor dizendo, desaparecido) na nossa biblioteca cabo-verdiana  desde meados de Outubro do ano passado - quando o desenterrámos no estaminé de um alfarrabista da Calçada do Combro, Lisboa, e foi colocado no meio de muitos outros, afinal a poucos metros do sítio onde hoje deu entrada, após porfiada busca para trabalho que temos em mãos. Ou seja, repetindo o velho ditado, "Tudo o que é vivo, aparece..."

Para além do óbvio interesse histórico do livro, sublinhamos o autógrafo (oferecido na Praia a amigo que desconhecemos, Manuel Orlando de Oliveira) do mesmo ano.





[3664] O que se dizia do Campo de Concentração do Tarrafal no "Diário de Notícias" de New Bedford, em Janeiro de 1946 (por via do "New York Post")



[3663] Unesco pode dar apoio técnico a Cabo Verde na candidatura do ex-Campo de Concentração do Tarrafal

Já que a morna é quase garantidamente Património Mundial (se o fado, o cante alentejano e o tango são, logo...), este campo de morte pode vir a ser o terceiro Património Mundial de Cabo Verde.
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segunda-feira, 26 de março de 2018

[3660] Em homenagem ao mestre que visitou Vila Viçosa: Paulino Vieira, em "M'cria Ser Poeta" (ver post anterior)

[3659] Todos os caminhos (e todas as celebridades) vão dar a Vila Viçosa... ou a Pardais...

Contemos a coisa de maneira curta:

1 - Pardais (ver AQUI) é uma freguesia rural de Vila Viçosa, onde está a decorrer a primeira Feira da Laranja. (ver fotos AQUI)
2 - O Padre Ilídio Graça (natural de São Nicolau, Cabo Verde)  é desde há meses pároco da igreja de São João Evangelista, também conhecida como de São Bartolomeu (ver AQUI e AQUI), em Vila Viçosa.
3 - O Padre Ilídio Graça foi visitar a Feira da Laranja e levou um amigo seu, cabo-verdiano.
O resto, os comentadores que comentem, pois mais uma vez Vila Viçosa e Cabo Verde se encontram e logo com gente brilhante vinda das ilhas.

Da esquerda para a direita: o amigo cabo-verdiano do Pe. Ilídio Graça (é desnecessário o Pd'B dizer o seu nome, não é verdade?...); o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, Luís Nascimento, o Presidente da Junta de Freguesia de Pardais, Inácio Esperança e o Pe. Ilídio Graça

[3658] Viva a morna! Viva a morna!

[3657] Porque a morna é do mundo, ouçamos (e vejamos) Tito Paris, em "Morna"

[3656] No dia da entrega do dossier que pretende elevar a morna a Património Mundial, ouçamos (e vejamos) Cesária Évora em "Oriundina"

[3655] Candidatura da morna a Património Mundial, entregue hoje em Paris

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sexta-feira, 23 de março de 2018

[3654] Quando o Mindelo esteve quase, quase... era 1838 e até em França se dizia...


[3653] Deslumbrante paisagem... aérea do Tarrafal de Monte Trigo de Santo Antão

Foto Pitt Reitmaier

[3652] Foi (também) em Cabo Verde, em Março de 1954


[3651] Um postal (ou dois...), um erro e uma personalidade interessante

Nesta coisa de postais ilustrados, quando a gente pensa que já viu tudo, há sempre ainda algo interessante para descobrir ou para relacionar. É o que acontece com estes dois que hoje mostramos. Um, cuja imagem já tínhamos de há muito no nosso arquivo e outro que nos foi há pouco cedido pelo amigo e "sgrovete" Artur Mendes. 

No primeiro, o nosso, alguém escreve de São Vicente, por volta do início do século passado, para a sua querida Lulu (amor cuja força reforça com um final "qui t'adore") dizendo que está a meio do caminho para o destino traçado. Tem o postalinho o interesse acrescido da troca de legendas, fazendo da procissão Carnaval e do Carnaval o inverso... Mas este "enviador", porque "franciú", não topou o gato...

Já o postal do Artur tem outra relevância, a do seu visível remetente que escreve (curiosamente também em francês) de bordo no navio de guerra da marinha portuguesa "Pero d'Alenquer". Mais arguto que o gaulês de cima, José Eduardo de Carvalho Crato emenda a legenda para não gerar confusão. Ora este militar da Armada, que faleceu sem descendência, era tio-bisavô do ex-ministro Nuno Crato e oficial de grande carreira e prestígio. Não vale a pena estar a adiantar mais, pois pode ver-se a biografia do distinto capitão-de-mar-e-guerra que em passagem por Cabo Verde enviou o postal que agora comentamos, AQUI (mas vejam mesmo, pois achamos que muitos dos AQUIS que vamos pondo não têm observadores... e no entanto é nos AQUIS que está muitas vezes o maior interesse dos posts.



[3650] Candidatura da morna a Património Mundial segue de vento em popa

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B. Leza

[3649] Electra "faz" mais água no Sal e em São Vicente

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[3648] Dia Mundial da Água em Cabo Verde com fórum em São Vicente

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[3647] Governo confirma financiamento de 29 milhões de euros para efetivação do Terminal de Cruzeiros da ilha de São Vicente

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quarta-feira, 21 de março de 2018

[3646] "Poema Mindelense". Na Dia Mundial d'Poesia, um poema de nôs terra

[3645] Porto Grande: os antigos pescadores de moedas

28.Abril.1907


(...) Ao princípio da tarde, vimos a primeira lancha. Um oficial e três marinheiros, irrepreensivelmente fardados, constituíam a tripulação do barco que transportava cerca de três dezenas de passageiros. Pouco antes da atracadura, com o à-vontade de quem estava habituado a andanças daquele tipo, alguns começaram a arremessar moedas ao mar, na mira de que os muitos miúdos dependurados nas protecções que bordejavam o cais se atirassem à água. Estes, não se fizeram rogados. Bons nadadores, quase todos, era para eles empresa de pouca monta descer os escassos metros que separavam a superfície do fundo, que a forte luz do sol e a limpidez do oceano permitiam ver com clareza. O brilho do metal atiçava-lhes o desejo, e a competição gerava remoinhos e salpicos que obrigaram algumas misses mais idosas a levantar-se dos bancos cobertos de sarja azul para se chegarem até ao compartimento do motor, onde se sentiam protegidas da chuva que os mergulhos e a luta pelos pence provocavam. O Nhelas foi um dos primeiros a atirar-se. Deu-me a roupa a guardar e, em cuecas, deixou-se cair na água. Catch the coin, boy, catch the coin!, dizia-lhe um gordíssimo inglês. (...)
in "Capitania - Romance de São Vicente de Cabo Verde"


[3644] No Dia Mundial da Poesia, celebremos a vida com Teobaldo Virgínio


MENINO

Tu és o tesouro perdido 
que desde a primeira hora 
procuro no coração do homem.
Há tanta doçura nos teus olhos redondos
tanta independência nos teus gestos 
tanta certeza em ti mesmo 
que não duvido seres o ideal 
que o tempo desflora...
Sei que tu és simples
que o teu mundo é puro cheio de nobreza
que ainda não aprendeste
na escola que deturpa os dons.

Os dons que ficaram no berço
e nunca mais se encontraram tão puros
depois da primeira hora
da infância perdida.
Menino
por isso te busco
a ti estendo a minha mão
para sermos camaradas
independentes
no rutilar dos dons!

[3643] É já no próximo domingo

[3642] Um livro! E seres fantásticos, escondidos debaixo da SUA cama!!!

Luís Romano, como sabemos, foi personagem de interesses multifacetados. E este é um dos seu mais curiosos trabalhos (de teor antropológico) que conseguimos encontrar, ainda por abrir, 48 anos depois de ter sido dado à estampa. É a segunda edição, de 1970, publicada pela revista "Ocidente", de Lisboa (212 pp), com curto prefácio de Luís da Câmara Cascudo, historiador, antropólogo, jornalista e advogado residente no Natal, como Romano.